A Teologia e Objectivos da Igreja Enganada

Prof. Johan Malan, Universidade do Limpopo South Africa

A igreja enganada do tempo do fim, não é sòmente o produto de erros humanos de julgamento, causados por um pobre discernimento espiritual, mas mostra também claramente sinais de um espírito satânico de erro. Está a tornar-se dia a dia cada vez mais evidente, que o reino da escuridão possui um plano calculado para enganar e desviar a igreja Cristã, a tal ponto que os seus membros tornam-se infiéis ao verdadeiro Cristo e cooperam na preparação do reino terreno humanista do Cristo cósmico de todas as religiões (o Anticristo). E a imagem de Cristo, tão disfarçadamente quanto possível, é gradualmente  alterada, para se tornar conforme com a imagem multireligiosa do Anticristo.

A proclamação dos êrros teológicos é sempre feita de maneira muito subtil, e em alguns casos tem continuado por muitos séculos, de forma que os membros comuns da igreja são condicionados por uma explicação errada das Escrituras, não aceitando assim fàcilmente que a sua igreja esteja a afastar-se da verdade.

Paulo referiu-se aos primeiros sinais deste  grave problema: “Tremo, receando que de uma forma ou de outra sejais afastados da vossa pura e simples devoção ao nosso Senhor, da mesma maneira que Eva foi enganada por Satanás no Jardim do Eden. Vós pareceis tão crédulos: Acreditais em tudo que vos dizem, mesmo se vos prègarem  um  Jesus diferente daquele que nós prègamos ou um espírito diferente do Espírito Santo que recebestes, ou se vos mostrarem um caminho diferente para a salvação. Aceitais tudo” (2 Coríntios 11:3-4 – Bíblia Viva).

Devido aos diferentes níveis de exposição ao engano, algumas igrejas afastaram-se mais da verdade que outras. Quando nos referimos a igrejas enganadas, incluimos aquelas que podem estar apenas parcialmente enganadas por uma doutrina falsa, como o preterismo (que diz que todas as profecias sôbre o Anticristo já se cumpriram no século primeiro) mas que de outro modo se firmam na  sã doutrina de Cristo. Elas necessitam de ser aconselhadas a examinar de novo a sua teologia, de forma a evitarem ser aínda mais enganadas. Num estado avançado de decepção, há pessoas que correm o risco de cair da graça, enquanto que outras podem estar já na categoria de crentes nominais. Aqueles que correm o risco de se afastarem da fé, devem ser vigorosamente avisados, de harmonia com o que Paulo disse aos Galatas enfraquecidos: “Vós, que tentais justificar-vos com a lei, afastastes-vos de Cristo, caístes da graça” (Galatas 5:4). Anteriormente, esta congregação aderia à sã doutrina evangélica, mas mais tarde tinha caído vítima dos judeus legalistas (Galatas 3:1-3). Devido a ensinamentos errados os Efésios também tinham abandonado o seu primeiro amor, Jesus Cristo (Apocalipse 2:4-5). Os membros da igreja devem compreender bem as consequênciaas  das suas convicções doutrinárias – não apenas ao perpetuarem antigas tradições teológicas mas também ao aceitarem novos ensinamentos. Pode muito bem ser que lhes estejam a ser ensinados como doutrina  comandos do homem, que em nada são aceitáveis pelo Senhor (Mateus 15:8-9).

Devido à sua própria natureza, as várias formas de decepção teológica estão a aumentar em intensidade e volume, abrindo o caminho a outros falsos ensinamentos. Têm uma tendência natural a juntar fôrças e a constituir uma frente unida contra a Palavra revelada da verdade. Na nova irmandade ecuménica de todos os crentes, as igrejas aceitam-se mùtuamente umas às outras. Não vêem problema em associar igrejas protestantes à Igreja Católica Romana, nem hesitam em forjar ligações inter-fés com as religiões não-Cristãs, ao mesmo tempo condenando fortemente em conjunto os Cristãos evangélicos que se recusam a aderir à irmandade ecuménica.

Declínio teológico

Os seguintes sete êrros de argumentação são utilizados para distorcer a imagem da igreja, com o fim de a levar a servir o reino da escuridão. Muitos membros de  igrejas antes respeitáveis, sentem-se chocados ao descobrirem que alguns destes falsos ensinamentos também são aceites pelas suas próprias denominações.

A Bíblia é um livro humano. De acôrdo com a maioria dos teólogos modernos, a Bíblia não é divinamente inspirada e infalível. Muitas igrejas fazem côro destas ideias. Dependendo do nível de declínio atingido, as igrejas enganadas estão todas empenhadas numa campanha contra a Bíblia como a Palavra de Deus inspirada em pormenor pelo Espírito Santo. Elas preferem novas traduções que se desviam do texto original com a omissão de certos versos, e em que o significado de muitos outros é distorcido devido aos discutíveis métodos de tradução utilizados. De acôrdo com estas pessoas, a Bíblia não foi originada por Deus mas sim pelos seus autores humanos. Não a olham como “a Palavra de Deus”, mas sim como “palavras àcerca de Deus”. É por isso que apenas respeitam a autoridade das Escrituras quando lhes convém; noutros casos é ignorada e rejeitada. Quando a Bíblia decreta que as pessoas devem nascer de novo para irem para o céu, (João 3:3), que homosexuais, adúlteros e bêbedos não herdarão o reino de Deus, (1 Corint. 6:10), ou que as mulheres não podem ser prègadoras, (1Corint. 14:34; 1Tim. 2:12), elas despresam-na e rejeitam-na por completo.

Negar a divindade de Cristo. Quanto mais as igrejas são enganadas, menos ficam dispostas a reconhecer a divindade, a eterna auto-existência, e o nascimento virgem de Cristo, bem assim como o significado da Sua morte na cruz e da Sua posição única como Mediador entre Deus e o homem. E, eventualmente, Êle torna-se apens um símbolo geral ou bandeira, à sombra da qual as pessoas se juntam, não O servindo em espírito e verdade, tomando a liberdade de agir como lhes apraz. Durante este processo de retrocesso na fé, o seu conhecinmento de Cristo arrefece ao ponto de negarem a Sua divindade, olhando-O apenas como  um profeta que colocam ao mesmo nível de figuras messiânicas de outras religiões. E, nessa altura, estão a seguir outro Jesus, e não aquele Jesus ensinado nas Escrituras. Satanás é o autor de todas as imagens falsas de Jesus e estabelece-as nos corações das pessoas teològicamente enganadas, por não seguirem a doutrina de Cristo (2 João verso 9).

Preterismo. Isto é a interpretação histórica das profecias bíblicas sôbre o Anticristo e período de tribulação do tempo do fim. As igrejas enganadas aprovam a ideia que todas as profecias sôbre um tempo de escuridão para o mundo, já se cumpriram durante o reino de terror do imperador romano Nero, na destruição de Jerusalém e do templo no ano 7o AD, e com a dispersão internacional do povo judaico. Consequentemente, não necessitamos de recear tempos difíceis de julgamentos divinos e decepção anti-Cristã a ocorrer no tempo do fim. Em vez deste cenário, os professores falsos proclamam a paz, a prosperidade, grandes reavivamentos e a visível manifestação do reino de Deus em todo o mundo e na hora presente.

Teologia de substituição. As igrejas enganadas praticam todas a teologia de substituição. Elas substituem um conceito por outro, num esfôrço para re-interpretar a Bíblia em conformidade com as suas preferências teológicas. Israel é substituido pela igreja, descrevendo-se esta como “Israel espiritual”, e aplicando à igreja todas as promesas do Velho Testamento de um reino terreno, que foram feitas a Israel. Elas não acreditam na realização literal das promessas de restauração de Israel à sua terra nos últimos dias, e afirmam que tais promessas se referem ao acto final da igreja tomar posse da sua herança terrena. Tais igrejas consideram-se “o povo escolhido de Deus” e alegam que os seus membros foram predestinados para a vida eterna. No “novo Israel”, o sinal contractual da circumcisão é substituido pelo batismo de infantes, de que resulta a anulação da necessidade da fé para a salvação, demonstrada na cerimónia do batismo de regeneração. Esta é a maior razão porque não consideram sèriamente o comando para nascer de novo.

Teologia contextual. As igrejas enganadas de uma maneira geral têm uma esperança fraca no céu, pois estão principalmente preocupadas com os seus interesses terrenos. Por conseguinte, as reformas humanistas e o agrado do público, (o evangelho social), tornam-se o objectivo final da religião. Elas adaptam-se sempre ao pensamento humano contemporâneo e à opinião popular, num esfôrço para ganharem apoio para a sua causa. Num país comunista, a igreja enganada tende a abraçar a ideologia socialista para ganhar mais adeptos. Na eventualidade de futuras alterações ideológicas na sociedade, as igrejas enganadas também seguem o rebanho, como se mostrou claramente no caso da África do Sul, com a transformação política e social que deu origem à nova constituição. Estas igrejas apoiam os reinos terrenos, no meio dos  quais se encontram, em vez de promoverem o reino de Deus, que funciona em oposição a tais reinos pervertidos. Portanto, o contexto social da igreja torna-se normativo para a verdade. Quando a sociedade aceita certos pecados, como a homosexualidade e os casamentos entre pessoas do mesmo sexo, (gays), a igreja popular agradadora do público adopta tais atitudes e exprime total concordância com elas. E quando o estado comete o ultrage de abolir a educação Cristã, de se associar a religiões não-Cristãs e de legalizar o abôrto, acontece que a igreja enganada continúa a não oferecer resistência activa a estas políticas malignas, tentanto em vez disso adaptar-se pacífica e tão harmoniosamente quanto possível  ao novo contexto.

Teologia do reino. O maior objectivo da igreja enganada é estabelecer um reino visível na Terra, antes da vinda de Cristo. As promessas de um reino futuro depois da Segunda Vinda, são erradamente aplicadas à presente dispensação. As implicações são que todos os crentes devem viver na abundância como pequenos reis, enquanto  possuem domínio sobre a sua herança. Toda a oposição a isto deve ser vencida e desaparecer da cena, à medida que o reino de Deus se manifesta. Há diferentes maneiras em que este reino é teològicamente explicado, de tal forma que êle coincide com a dispensação da igreja. A maior parte das igrejas enganadas mantem a opinião que a dispensação do reino decorre entre a primeira e a segunda vindas de Cristo e é portanto equacionada com a era da igreja. De acôrdo com elas, o diabo está amarrado e estamos a viver presentemente no reino de paz dos mil anos. Santo Agostinho proclamou esta interpretação errada da Bíblia no princípio das chamadas Idades Nêgras da História, Calvino aceitou-a tornando-se assim a herança teológica da maior parte das igrejas protestantes. Elas continuam a manter a ideia que a igreja é “o Novo Israel” através do qual Deus tenciona governar o mundo, que a igreja está destinada a tornar-se cada vez melhor durante a presente dispensação, que não há necessidade do arrebatamento para escapar aos próximos julgamentos de Deus, e que também não vai haver um Anticristo a governar a Terra. De acôrdo com elas, a igreja deve unir-se e governar o mundo.

Tudo é um. As igrejas enganadas não possuem opostos distintos na sua teologia. Por conseguinte, não são capazes de fazer uma distinção clara entre a luz e a escuridão, Deus e Satanás, rectidão e vileza, Cristo e o Anticristo, verdadeira religião e falsas religiões, céu e inferno. A sua religião é decididamente positivista, visto que na realidade não fazem referência a ”assuntos negativos”como o pecado, julgamentos, o Anticristo e decepção espiritual. Ao mesmo tempo que esta teologia distorcida se está a firmar cada vez mais, o seu polo positivo está a aumentar, enquanto que o polo negativo se esfuma gradualmente. As denominações Cristãs unem-se primeiro a um movimento ecuménico, e depois aceitam o desafio da formação de ligações ecuménicas multireligiosas. E finalmente, tudo se transforma em um – passando então  a não haver mais um polo negativo representado pelo diabo, o inferno, e as religiões falsas. O objectivo final da igreja enganada é a aceitação positiva de todas as religiões não-Cristãs e a negação da existência do diabo e do inferno.

Métodos para o estabelecimento do reino

A igreja iludida utiliza vários métodos para atingir o seu objectivo de um reino de Deus terrestre visivelmente revelado. O que segue são alguns deles:

Relações ecuménicas. Estão a ser feitos esforços para promover a união e harmonia religiosas entre toda a população da Terra, por meio de ligações Cristãs e ecuménicas interfés. Ao primeiro  nível, a unidade Cristã é estabelecida entre as igrejas Protestantes através de organismos como o Conselho Mundial das Igrejas, com o seu credo de “uma igreja para um mundo”.Depois, procuram-se ligações ecuménicas entre Protestantes, Católicos Romanos e todas as Igrejas Cristãs independentes. Ao mais alto nível procura-se a unificação de todas as religiões da Terra, com base na ideia errada  que todos nós adoramos o mesmo Deus. E quando esta mentira é aceite, todo o mundo (excepto os Cristãos Evangélicos) seguirá e adorará o mesmo  falso messias (Apocalipse 13:3-8).

Religião orientada pelo mundo. A prègação neste movimento é tão positiva que não ofende quem quer que seja, tornando fácil a todos tornarem-se crentes. Não são só a mensagem e o estilo da prègação que se  baseiam nas normas mundanas, mas também a música e as canções. Assuntos como o pecado, julgamentos, o Anticristo e falsas religiões e também a crucificação de Jesus, são evitados por serem considerados negativos. Tal igreja ensina que Deus perdoa os pecados por ser um Deus perdoador e não porque Jesus morreu na cruz pelos nossos pecados. Alegam também, que um Deus amoroso não vai condenar algué m ao inferno. Devido à sua mensagem não-ofensiva, a igreja moderna, enganada, é muito popular e favorável ao povo, numa sociedade moral e espiritualmente pervertida. Ela atrai vastas multidões porque torna muito fácil a uma pessoa ser Cristã sem arrependimento.

Espiritualidade mística. Nesta igreja enganada, são utilizadas várias técnicas místicas mas não-bíblicas para se sentir a presença e poder de Deus – ou antes, de um deus panteísta que está escondido nos seres humanos e dentro de toda a criação. Entre estas técnicas, conta-se a meditação Cristã, o yoga, a visualização, a regressão hipnótica, e a cura interior, bem assim como tratamentos curativos de alternativa para mal-estar e doenças. Por fim, a oração é  substituida totalmente pela meditação, e as pessoas aprendem a técnica para conseguir um estado de consciêncialização diferente, dentro de poucos minutos, abrindo assim o seu “cérebro direito criador”a influências não identificadas provenientes de esferas místicas. A leitura das Escrituras é substituida por revelações místicas de Deus  através de sonhos, visões ou vozes  interiores, marginando assim a  Bíblia em grande parte.

Manifestações do poder de Deus. São usados por esta gente, (particularmente durante serviços de cura) sinais e maravilhas, como prova de que não somos estranhos e passageiros num mundo influenciado pelo Maligno, e de que nos podemos livrar fàcilmente da influência de Satanás. Mas estes poderes especiais de Deus são apenas conferidos a certos profetas e apóstolos, e Êle também lhes dá mensagens especiais para o mundo.  Mas estas pessoas iludidas são os dirigentes do emergente reino de Deus no mundo, seguem-nos milhões de adeptos e tornam-se muito ricos e famosos através da contribuição e firme apôio dos enganados que os seguem.

Destruição das bases do poder de Satanás. Apesar de todas as suas afirmações positivas que estamos presentemente a viver no reino de paz de mil anos, durante o qual o diabo está supostamente amarrado, continua a haver evidência abuntante da sua decepção e actos destrutivos entre a  população. Mas a igreja enganada recusa-se a aceitar este facto, e tenta livrar-se de Satanás e seus demónios por meio de estratégias de luta espiritual. Num processo de planeamento espiritual, descobrem fortalezas malignas sôbre vilas, cidades e nações, depois do que organizam marchas de oração para derrubar tais fortalezas e expulsar o diabo de um particular território ou região. Acreditam que, depois deste acto de libertação, o crime e o pecado cessarão, e haverá um poderoso reavivamento ao mesmo tempo que o reino de Deus é estabelecido na área libertada. São escolhidos “porteiros”, que são enviados para trabalhar nas estradas principais que conduzem à área e nos aeroportos, para evitar que Satanás e os seus demónios voltem de novo às suas anteriores zonas de influência. Os problemas individuais de Cristãos são resolvidos de maneira semelhante por meio do exorcismo, sem proclamarem a mensagem bíblica da vitória através da crucificação da carne ou velha natureza pecadora.

Transformação. Segue-se um processo activo de transformação (reconstrucionismo), para produzir características típicas do reino, como o domínio, a prosperidade a felicidade e a harmonia. Organizam-se reuniões em massa para mostrar a unidade da igreja e para trazer ao movimento tantos personagens sociais de relevo quantos possível. Ignoram-se as grandes diferenças teológicas entre as igrejas participantes, na medida em que estas estiverem dispostas a juntar as mãos e  a ajudar a construir a moderna Tôrre de Babel. No fim de contas, o objectivo comum não é a pureza de doutrina e a melhoria de um relacionamento com Deus, mas a melhoria das relações humanas num mundo unido. Estão empenhados no estabelecimento de uma nova ordem mundial AGORA.

Os resultados finais da decepção espiritual

A igreja enganada está a ser preprada e usada para a realizção dos seguintes seis propósitos:

·       Formação de uma aliança das religiões do mundo.

·       Igual reconhecimento dos livros santos de todas as religiões.

·       Todas as religiões devem aceitar a vinda do messias universal.

·       O conjunto das religiões mundiais deve dedicar-se à unificação e governar o mundo com o messias universal.

·       Todas as pessoas devem estar preparadas para adorar o messias universal como Deus, quando êle o exigir.

·       Os adeptos do messias universal devem estar inteiramente preparados para o ajudar na oposição e luta contra o Messias exclusivo dos Cristãos e Judeus, quando Êle aparecer no Monte das Oliveiras para destruir o falso messias e a sua nova ordem mundial.

Refutando a decepção

Devemos adoptar uma posição firme contra todos os aspectos da teologia da igreja enganada, mantendo e defendendo os princípios bíblicos seguintes:

A Bíblia é  a Palavra de Deus – Defender a inspiração divina e infalibilidade da Bíblia como Palavra de Deus (2 Timóteo 3:16-17; 2 Pedro 1:20-21). Insistir na interpretação literal, gramatical e histórica da Bíblia, visto que muitos aspectos do seu conteudo seriam omitidos ou alterados se fôr espiritualizada e interpretada alegòricamente (Veja-se Deuter. 4:2; Apocalipse 22:18-19).

Afirmação da divindade e personalidade única de Jesus Cristo – A divindade, nascimento virgem e singularidade do Senhor Jesus como único Salvador do mundo, são facto não-negociável, que deve ser firmemente acreditado e ousadamente proclamado (Lucas 19:10; João 1:29; Actos 17:30-31). Não existe qualquer outro nome debaixo do céu dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos (Actos 4:12). Portanto, ninguém pode vir ao Pai excepto através de Jesus Cristo (João 14:6). As pessoas que não acreditarem nisto, morrerão nos seus pecados (João 8:24; 1 João 5:12).

O reino é aínda futuro – Presentemente nós não estamos na dispensação do reino mas somos soldados de Cristo num mundo depravado que se encontra sob a influência do maligno (Efésios 6:11-12; 1 João 5:19). Nós somos passageiros e peregrinos num reino vil (1 Pedro 2:11). O diabo não está aínda amarrado mas anda em redor como um leão rugedor (1 Pedro 5:8-9). Na presente dispensação, o reino de Cristo é um mistério, pois não é deste mundo. O Seu reino apenas será visìvelmente revelado quando Êle voltar;  então, os Seus santos governarão com Êle como reis (Jeremias 3:17; Zacarias 14:4-5,8 ; Lucas 19:12-19; Apocalipse 5:9-10; 20:6).

A igreja não é Israel – Deve-se distinguir claramente entre Israel e a igreja. Embora os judeus salvos se tornem parte da igreja durante a presente dispensação (Galatas 3:28), há no entanto  promessas distintas a Israel que não podem ser transferidas para a igreja. Uma delas é a ocupação do território de Israel, que Deus deu aos seus pais (Génesis 13:14-15; Ezequiel 36:22-28; 37:21-22) . Os judeus são agora salvos na sua capacidde pessoal, mas como nação, Israel só será salva depois dos tempos dos Gentios, durante a vinda do Messias (Romanos 11:25-26; Zacarias 12:10). Nós somos parte da “plenitude dos Gentios”, que está presentemente a ser apanhada para o reino de Deus – e, consequentemente, não formamos parte de Israel (Romanos 11:25). O nosso relacionamento com o Senhor  é determinado pela fé e não pela descendência de uma ou outra tribo, nação ou grupo racial. Aínda mais, não dependemois de Sacerdotes, padres, ou ritualistas, que ministram sacramentos às pessoas com o fim de lhes garantir uma passagem segura para o céu, pois possuimos um Sumo Sacerdote que vive para sempre para interceder contìnuamente por nós e nos conceder a Sua graça (Hebreus 4:14-16; 7:25).

Há duas grandes realidades – A ideologia que tudo é um é inteiramente anti-bíblica. Todo o ser humano é confrontado espiritualmente por duas grandes realidades, ou sejam, o reino de Deus e o reino de Satanás. Devido à herança da nossa natureza pecadora, todas as pessoas nascem não-salvas (Romanos 3:10; 5:12), e têm de nascer de novo para se tornarem membros do reino de Deus (João 3:3). Quando tal acontece, as pessoas passam da morte para a vida (João 5:24), ou seja, saímos da escuridão para a luz (1 Pedro 2:9). Nós comprome-temo-nos a opormo-nos ao reino da escuridão (Tiago 4:7; Hebreus 12:4; Efésios 5:11) e não podemos nunca aceitar a ideologia unitária do Movimento Nova Era e da igreja enganada do tempo do fim, pois recebemos o comando de sair do meio deles (2 Coríntios 6:14-18). O Movimento Ecuménico com o seu programa “reino agora”, não tem lugar algum para o verdadeiro Cristão.

A espiritualidade mística é enganadora – Ao adorarmos o Deus verdadeiro através de Jesus Cristo, não podemos envolver-nos nas técnicas místicas do cérebro direito, como a meditação. Devemos ser sóbrios e proteger as nossas mentes, enquanto em oração nos aproximamos do trono da graça da maneira nova e viva que o Senhor Jesus Cristo abriu para nós através da Sua morte na cruz (Hebreus 10:19-22; 1 Pedro 1:13). É inteiramente anti-bíblico desligar os nossos pensamentos utilizando uma mantra para descer às profundidades do nosso íntimo e encontrar ali o “deus interior”. Nesse processo, uma pessoa perde a habilidade de discernir, visto que entra num estado hipnótico ou de meia catalepsia, em que dá aos demónios a oportunidadede instilar pensamentos e impressões na mente e no espírito. Há milhões de pessoas que se estão a abrir a influências desta natureza, tornando este método muito popular, com Satanás a fazer a sua obra deceptiva em igrejas Cristãs nominais.

A guerra espiritual deve ser praticada ao nível individual – O comando bíblico de fazermos guerra espiritual, é claramente dirigido ao nível pessoal contra os maus pensamentos e hábitos pecaminosos que o diabo deseja estabelecer nas nossas vidas (Efésios 6:10-13; 2 Corint. 10:3-5). A Bíblia não nos dá qualquer comando ou instrução para expulsarmos demónios ou espíritos territoriais das suas fortalezas sôbre cidades ou países. O diabo será apenas expulso e amarrado quando Cristo vier de novo (Apocalipse 20:1-3). Até então, todos os países, cidades e outras áreas residenciais continuarão sob a influência de Satanás, porque a maior parte das pessoas escolhe amar a escuridão em vez de amar a luz (João 3:19). Em todas as grandes comunidades, a grande maioria das pessoas caminha na estrada larga que leva ao inferno (Mateus 7:13-14; Lucas 13:23-24). Deve-se levar o evangelho a tais pessoas, de forma a que o poder de Satanás possa ser quebrado nas suas vidas – não no céu sôbre as suas casas. E depois devem resistir ao diabo, sem colocarem “porteiros” nas estradas de acesso às suas próprias cidades ou vilas. O diabo não utiliza estradas ou aviões para atingir certos territórios e seus habitantes.

As profecias do tempo do fim devem ser interpretadas premileniamente – As profecias do tempo do fim estão claramente ligadas aos dias directamente antes, durante e depois da  Segunda Vinda de Cristo. Os teólogos do reino, podem esquecer por completo sujeitar e governar o mundo antes do regresso de Jesus Cristo, para fazerem um mundo melhor. A Bíblia ensina exactamente o oposto a este cenário, ao afirmar que, “nos últimos dias, tempos perigosos virão: pois os homens vão amar-se a si próprios, amarão o dinheiro… amarão os prazeres mais que a Deus, tendo uma semelhança de piedade mas negando o seu poder” (2 Timóteo 3:1-5). Haverá uma apostasia espiritual e moral em larga escala, que conduzirá à revelação do homem do pecado, o Anticristo, que declarará ser Deus no reconstruido templo em Jerusalém (2 Tessal. 2:3-4). O Anticristo não pode ter sido Nero, pois Paulo afirma que o Senhor consumirá o sem lei com o sôpro da Sua bôca, destruindo-o com o brilho da Sua vinda (2 Tessal. 2:8). Nero morreu há muito tempo! Em Apocalipse 19:19-20, João também confirma que o Anticristo e o falso profeta serão pessoas do tempo do fim, pois serão apanhados e lançados vivos no lago de fôgo no dia da Segunda Vinda de Cristo. Directamente depois disso, o diabo será amarrado no pôço sem fundo e apenas então será estabelecido o reino de paz de mil anos de Cristo – o milénio – (Apocalipse 20:1-6). É evidente que a vinda de Jesus Cristo é pre-milenial – antes do milénio – o que preclude o estabelecimento visível do Seu reino na Terra, antes da Sua Segunda Vinda. Portanto, as profecias do tempo do fim devem ser interpretadas futurìsticamente e não històricamente.

A perspectiva futurística

Constitui assunto da maior importância, ter uma base de referência pre-milenial para a compreensão das profecias do tempo do fim. Sem ela, não seremos capazes de interpretar correctamente os sinais seculares e espirituais dos tempos em que vivemos e não teremos uma expectativa bíblica futura coerente.

Os teólogos iludidos, que proclamam o reino agora, bem assim como grandes reavivamentos que alegadamente o vão precipitar, atarefam-se na proclamação de fábulas que agradem às suas audiências também enganadas. Na sua maior parte abraçaram por completo os ensinamentos do reino, a ponto de não aceitarem sã doutrina, por esta não se coadonar com a sua visão (2 Tim. 4:3-4). Embora a ideia de um reino agora e aqui seja muito popular, ela encontra-se muito longe da verdade. O Senhor Jesus refere-se a um afastamento da fé em larga escala no tempo do fim, ao fazer a seguinte pergunta: “Quando o Filho do Homem vier, irá Êle na realidade encontrar fé na Terra?” (Lucas 18:8). Qual é a causa do decréscimo drástico da fé entre o povo? É-nos fornecida  razão: “Agora, o Espírito diz-nos expressamente que nos últimos tempos alguns vão afastar-se da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demónios” (1 Tim. 4:1).

No Novo Testamento, fé refere-se sempre à verdadeira fé no Deus Triune. Quando as pessoas se estão a afastar da fé, isso quer dizer apenas uma coisa: Que, sob a influência de demónios e falsos apóstolos, são enganadas e levadas a acreditar num  Jesus falso (2 Corint. 11:2-4,13). Dessa maneira, são condicionadas a tornarem-se seguidoras do Anticristo quando este se revelar como Cristo cósmico de todas as religiões (Apocalipse 13:3-4). É por isso que o Senhor Jesus mencionou em primeiro lugar o perigo da decepção espiritual, na Sua lista dos sinais dos tempos (Mateus  24:4-5,11,24).

Este é o cenário nêgro da Bíblia para o tempo do fim: nada de reavivamentos, um reino, unidade, paz e prosperidade na Terra, mas sim apostasia espiritual e grande tribulação como nunca houve dantes (Mateus 24:21). E Deus usará também desastres naturais para julgara humanidade depravada do tempo do fim, para a castigar e para lhe fazer ver claramente o Seu desagrado pelo seu comportamento. Estas grandes catástrofes não se verificaram no primeiro século, pois destinam-se ao tempo do fim, pouco antes da Segunda Vinda de Jesus: “Imediatamente depois da tribulação desses dias, o Sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão abalados. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem, e todas as tribos da Terra se lamentarão, e verão o Filho do Homem a vir nas núvens do céu com poder e grande glória” (Mateus 24:29-30).

Os pecadores vão andar ansiosamente de um lado para o outro, à procura de um sítio para se esconderem, quando abalos de terra apocalípticos abalarem o mundo inteiro causando o desmoronamento de todas as paredes. Pedirão às montanhas e às rochas que caiam sôbre êles e os escondam da face do Cordeiro, pois o grande dia da Sua ira terá chegado e, quem poderá fazer-lhe frente? (Apo-calipse 6:12-17; 16:18). Estarão os verdadeiros filhos de Deus presentes nesta hora de julgamento? Certamente que não! O Senhor Jesus disse aos seus discípulos: “Olhai portanto e orai sempre que possais ser considerados dignos de escapar a todas estas coisas que vão acontecer e comparecer perante o Filho do Homem” (Lucas 21:36). Quando êles partirem, o mundo estará cheio de não-crentes que deixarão que o Anticristo seja revelado sem qualquer resistência (2 Tessal. 2:6-8). Milhões de pessoas serão salvas durante o período da tribulação (Apocalipse 7:9,13-14), mas terão de morrer como mártires pela sua fé (Apocalipse 6:9-11; 20:4). Devido à perseguição do Anticristo, não estarão aqui para ver Cristo quando Êle vier nas núvens do céu.

Por certo é muito relevante perguntar se haverá alguns crentes na Terra durante a Segunda Vinda de Cristo. Apenas depois de êle ter descido no Monte das Oliveiras será salvo um resíduo de Israel e das nações, e o milénio começará assim com uma primeira geração de crentes (Mateus 24:29-30; Zacarias 12:10). A decepção e a descrença reinarão de novo entre as próximas gerações, levando até o reino milenial de paz de Cristo, quando Êle estiver fìsicamente na Terra, a acabar em grande apostasia e rebelião contra Deus (Apocalipse 20:7-10). É a humanidade assim tão avessa a aprender e aceitar a verdade? Todas as dispensações terminaram em grande incredulidade:

·       A dispensação da inocência no jardim do Éden terminou com a rebelião de Adão e Eva e o desprezo total dos preceitos de Deus.

·       A dispensação da consciência, quando as pessoas eram guiadas  na conduta certa ou errada pelas suas convicções íntimas, terminou no tempo de Noé, quando a ordem do dia era vasta descrença e  rebelião contra Deus.

·       A dispensação do govêrno humano, depois da Inundação, deu origem ao reino apóstata da Babilónia e de outros reinos idólatras. Até Israel foi vítima da descrença, tornando-se nação escrava do Egipto Pagão.

·       A dispensação da lei, depois do êxodo de Israel do Egipto, terminou em descrença em larga escala, quando apedrejaram alguns profetas e rejeitaram o prometido Messias.

·       A dispensação da graça também vai terminar numa situação em que a grande maioria das igrejas apostatará e será tão materialista, que o Senhor as cuspirá da Sua bôca. O relativamente pequeno grupo de verdadeiros cristãos será arrebatado, depois do que os milhões de crentes enganados se submeterão à ditadura do Anticristo.

·       A dispensação do govêrno do Anticristo terminará em total descrença e rebelião, quando as nações, dirigidas pelo Anticristo, enviarem as suas tropas para o Médio Oriente, para lutar contra o Messias de Israel e tentar matá-Lo (Apocalipse 19:19).

·       A dispensação do reino milenário também terá um fim nêgro de descrença e rebelião, quando Satanás, depois de ter sido solto do abismo, obtiver êxito na decepção da maior parte dos habitantes da Terra, que será convencida a juntar-se a êle na luta contra o reino de Deus.

O dia do ajuste de contas

Compreendeis de verdade, leitores, a gravidade do assunto quando Jesus disse: “Tende cuidado que ninguém vos engane!” (Mateus 24:4). Um dia virá de  desencantamento e ajuste de contas para todos os pecadores, incluindo os crentes nominais enganados, que acreditarão que têm estado a fazer a coisa certa e estão a caminho do céu. Nessa altura será demasiado tarde para dar desculpas como esta: “Muitos me dirão nesse dia: Senhor, não profetizámos nós em Teu nome, expulsámos demónios em Teu nome e fizemos muitas maravilhas em Teu nome? E então Eu lhes direi abertamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade!” (Mateus 7:22-23).

É definitivamente possível perpretar decepção em larga escala, mesmo em nome de Jesus Cristo. E isso é exactamente o que está a acontecer nas igrejas enga-nadas de hoje em dia. Quando elas virem o seu êrro no dia de julgamento, será típico da teologia do reino dizer: “Senhor, não prègámos em Teu nome? Não usámos nós o Teu nome para expulsar demónios e fazer muitos outros grandes milagres?” Mas o Senhor chamará às suas aparentemente obras Cristãs “más obras”. Estas pessoas proclamam Jesus como Senhor e Rei, mas não como o crucificado e ressurrecto Salvador da humanidade perdida. Estas pessoas também não contam o preço do discipulado, não mostrando aos Seus seguidores as condições da sua decisão por Cristo – isto é – que deviam estar preparados para se negarem a si mesmos, pegarem na sua cruz e seguirem Jesus e estarem prontos a ser rejeitados e odiados pelo mundo.

A expulsão de demónios por muitos teólogos do reino, também vai ser reconhecida como uma actividade totalmente mal aplicada. Êles presumem erradamente estar a viver na dispensação do reino, durante a qual o diabo foi supostamente removido da Terra e amarrado no abismo sem fundo. Em consequência disso, dedicam-se a uma guerra espiritual de estratégias para livrar a humanidade, incluindo os milhões de almas perdidas, da influência do diabo. Por meio destes grandiosos esquemas e dramáticas acções, dão às sociedades e às nações, a falsa esperança de uma libertação territorial e mesmo nacional das influências malignas.

Há também outras ramificações muito graves destas erradas espectativas, falsas esperanças e  estratégias anti-bíblicas. Ao ajudarem financeiramente estas actividades  espectaculares mas inúteis do reino, vastas somas de dinheiro são encaminhadas para fora das campanhas evangélicas e missionárias tradicionais. É até considerado uma perda de tempo e dinheiro o dar testemunho individual de uma pessoa para outra ou em pequenos grupos, sem em primeiro lugar derrubar as fortlezas demoníacas existentes na sociedade, que alegadamente estão a amarrar e a cegar as pessoas, tornando assim impossível a essas pessoas compreender e aceitar a mensagem do evangelho. Muitos evangelistas e missionários estão consequentemente a perder o seu apôio financeiro base, por causa do descrédito que lhes caiu em cima devido aos seus métodos não espectaculares e lentos.

Aínda mais: A expulsão de demónios ao nível pessoal constitui um assalto directo à doutrina bíblica da santificação. Baseia-se na premissa não bíblica que os Cristãos podem ser possuidos por demónios, e ataca o comando bíblico da crucificação da carne, que é a aliada de Satanás nas nossas vidas. Nós devemos morrer com Cristo, identificando-nos ìntimamente com a Sua cruz, pela qual o mundo foi crucificado para nós e nós para o mundo (Galatas 6:14).

As fáceis, rápidas e dramáticas soluções da teologia do reino, simplesmente não dão resultado, sendo na realidade instrumentos nas mãos do diabo para semear a confusão e enganar milhões de pessoas. Devemos aprender a verificar todas as coisas à luz da Palavra de Deus: “Amados, não acrediteis todos os espíritos, antes verificai os espíritos, se êles são de Deus; porque já muitos falsos profetas entraram no mundo” (1 João 4:1).

A Bíblia é a nossa única defesa contra  falsos ensinamentos: “Sede diligentes, para vos apresentardes aprovados por Deus, obreiros que não necessitam de se envergonhar, manejando bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2:15). Mane-jando bem a palavra da verdade implica a correcta compreensão e aplicação das verdades bíblicas. No que diz respeito a isto, as distinções nas dispensações são da maior importância, pois confusões nesta matéria constituem óptimo terreno para a decepção. Dizer que a dispensação da graça (era da igreja) é a prometida era do reino, é responsável por muita da decepção e pelas falsas expectativas e actividades fúteis dos nossos dias.