Há uma maneira definida do Senhor Jesus lidar com os descrentes para os salvar, para os equipar para serviço e para os preparar para a vida eterna no céu. De acôrdo com as normas fixas da Bíblia, a boa vontade e a total cooperação de cada um de nós são necessárias, se quizermos evitar a tragédia de um falso arrependimento. Todos nós podemos partilhar da maravilhosa experiência de sermos chamados pelo Senhor, da escuridão do pecado para a Sua maravilhosa luz. Convido o leitor a explorar comigo a imperscrutável riqueza do amor e graça salvadora de Deus, e a aceitá-las pela fé.
A humanidade tem o problema comum de ser pecadora e de ter de enfrentar as consequências da separação de Deus e do castigo eterno no inferno, se não se arrepender e não aceitar Cristo como seu Salvador. A Bíblia diz: “O pecado entrou no mundo através de um homem, e a morte através do pecado, e assim a morte tornou-se o destino de todos os homens, porque todos pecaram” (Rom.5:12; Rom. 3:9-12).
O pecado entrou no mundo através do pecado de Adão, e subsequentemente espalhou-se a toda a humanidade, penetrando toda a raça humana. A razão porque a morte se espalhou é que “todos pecaram”. E o castigo para o pecado é a morte tanto espiritual como física: “O salário do pecado é a morte” (Rom. 6:23; veja também 7:13). Todos os seres humanos herdaram a natureza pecadora de Adão depois da Queda, vindo ao mundo como pecadores (Salmo 51:5). O apóstolo Paulo afirma que nós estamos “mortos em trespasses e pecados” e necessitamos de ser espiritualmente restaurados e avivados por Deus (Efésios 2:1).
O próprio Deus mostra-nos o primeiro passo a dar para a conversão de pecadores. Êle chama-nos ao arrependimento e providencia o caminho para a nossa salvação: “Deus demonstrou o Seu próprio amor para connosco com a morte de Cristo por nós enquanto éramos aínda pecadores”(Rom.5:8).
Uma vez que o preço de todas as nossas transgressões foi pago, toda a gente em toda a parte é convidada a vir ao Senhor Jesus, para receber d’Êle o perdão dos seus pecados:
“Vinde a Mim todos vós que estais sobrecarregados, e Eu vos darei descanço” (Mat. 11:28).
“Vinde agora, e conversemos juntos, diz o Senhor:-Embora os vossos pecados sejam como o escarlate, êles serão brancos como a neve; embora êles sejam como o carmezim, êles serão como a lã” (Isaías 1:18).
Deus chama-nos e mesmo “comanda-nos” (instrui-nos ou instiga-nos) em toda a parte, a que nos arrependamos (Actos 17:30-31 - 2 Pedro 3:9). A razão porque Jesus Cristo veio ao mundo foi para oferecer a remissão de pecados à humanidade perdida (Lucas 24:46-47). Portanto, a Sua missão principal foi chamar os pecadores ao arrependimento. Diz Êle:
“Eu não vim chamar os justos ao arrependimento, mas sim os pecadores” (Mat. 9:13).
“Porque o Filho do Homem veio para procurar e salvar o que estava perdido” (Lucas 19:10).
Leitor: É importante reconheceres pessoalmente o chamamento específico do Senhor Jesus, pois isso determinará a maneira como vais responder à Sua chamada. É essencial que uma pessoa compreenda a extensão total do seu problema, isto é, que a pessoa, sem o Senhor Jesus, está a caminho do desastre. Não há lugar para complacência ou auto-justificação, no estado de escuridão espiritual em que uma pessoa se encontre, porque “não há ningém justo, não, nem um só”(Rom. 3:10; Salmo 53:2-3).
Uma pessoa deve compreender a totalidade da natureza do pecado e da sua gravidade aos olhos de Deus – especialmente dos pecados de cada um de nós que nos separam d’Êle (Isaías 59:2). Não deve haver a mínima dúvida na nossa mente que Deus impôs a pena de morte para o pecado (Ezeq. 18:4, 31-32; Rom. 6:23). Consequentemente, todas as pessoas não-salvas estão a caminho da condenação eterna pelo Juiz justo. Se não estão salvas, a seguinte sentença cairá sôbre as suas cabeças a quando do julgamento do trono branco:
“Afastai-vos de Mim amaldiçoados, para o fôgo eterno preparado para o diabo e seus anjos” (Mat. 25:41).
Quando Deus Pai nos chama através do Seu Filho Jesus Cristo, Êle não só identifica o nosso problema do pecado e condenação, mas também nos oferece a solução para o problema. A Boa Nova é que Deus nos ama e providenciou para o nosso perdão por meio da morte apaziguadora de Jesus na cruz.
“Nisto há amor, não que nós tenhamos amado Deus, mas que Êle nos amou, e nos enviou o Seu Filho para ser propiciação pelos nossos pecados” (1 João 4:10).
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho unigénito para que todo aquele que n’Êle creia não pereça mas tenha a vida eterna” (João 3:16).
“Porque Cristo também sofreu uma vez pelos nossos pecados, o justo pelos injustos, para nos levar a Deus, mortificado na carne mas vivificado pelo Espírito” (1 Pedro 3:18).
“Imploramo-vos por Cristo, que vos reconcilieis com Deus. Pois Àquele que não conhecia o pecado Êle O fez pecado por nós, para que n’Êle fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Cor. 5:20-21; Rom. 8:3; Gal. 3:13).
O chamamento de Deus aos não-salvos deve ser ouvido por êles com tanta clareza, que compreendam inteiramente as suas implicações e o preço de se tornarem cristãos. Jesus fez compreender a Nicodemo que os conhecimentos teológicos e uma vida bôa não são o suficiente para herdar o reino de Deus: Êle tinha de nascer de novo. A condição para receber perdão e a vida eterna é a confissão e abandono de todos os pecados conhecidos e acreditar em Jesus Cristo como Salvador.
O Senhor Jesus disse ao jóvem rico, que em primeiro lugar tinha de abandonar o pecado do materialismo (Lucas 18:22). A êste jóvem, que por outro lado era muito religioso, foi muito difícil abandonar o seu pecado habitual, e portanto afastou-se com tristeza. Muitas pessoas acham difícil arrependerem-se, porque na realidade não desejam abandonar os seus pecados. Jesus Cristo diz a todas elas: “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois Eu digo-vos que muitos procurarão entrar e não conseguirão” (Lucas 13:24).
Lembremo-nos que o dom da vida eterna é algo que não merecemos ou podemos comprar. O considerarmos o preço está relacionado com a nossa vontade de nos despirmos das vestes nojentas da nossa velha vida, antes de podermos ser vestidos com o manto da rectidão de Cristo (Efésios 4:22-24).
Os pecadores que recebem o chamamento de Deus ao arrependimento, são acordados para compreenderem a sua qualidade de perdidos – isto é, que não têm esperança alguma ou futuro sem Deus. A sua consciência é avivada para reconhecerem a sua qualidade de pecadores e a solução que Deus lhes oferece para o seu problema. Os pecadores acordados aínda não estão salvos, mas ouviram o bater à porta dos seus corações com a mensagem: “Acordai vós que dormis, levantai-vos dos mortos e Cristo vos dará luz” (Efésios 5:14).
Aqueles cujas consciências foram avivadas, podem reagir de duas maneiras à sua convicção de pecadores:
Podem obedecer ao convite do Espírito Santo que os convence do pecado, da rectidão e do julgamento (João 16:8), confessar os seus pecados e aceitar o sacrifício de Cristo por si na cruz, sendo então perdoados e escapando assim aos julgamentos de Deus.
Para sua eterna ruina, podem por outro lado resistir ao cha mamento de Deus para a sua salvação: “Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçeis os vossos corações” (Hebr. 3:7-8). Se continuarmos a endurecer os nossos corações, a voz do Espírito Santo será gradualmente silenciada, tornando-se mais difícil responder-Lhe. Não permitamos que os nossos corações se endureçam a tal ponto, que voltemos as costas a Deus, excluindo-O da nossa vida juntamente com a Sua Palavra, a Bíblia.
Os não-crentes que se encontram sob grande convicção do pecado e da sua condição de perdidos, compreendem a necessidade de se reconciliarem com Deus. Sentem-se acusados e condenados por causa do que fizeram. O seu remorso e sentimento de culpa dirigem-os a Cristo – Aquele que pagou o preço morrendo uma morte cruel para a salvação dos pecadores. Leitor, já sentiste essa tristeza intensa que leva ao arrependimento? A Bíblia diz: “Porque a tristeza divina produz o arrependimento que leva à salvação”(2 Cor. 7:10).
A tristeza ou remorso a que a Bíblia se refere, é ter um coração arrependido, que conduzirá a uma conversão verdadeira a Cristo: “Arrepende-te portanto e converte-te, para que os teus pecados possam ser perdoados” (Actos 3:19). Uma parafrase dêste texto seria: “Arrepende-te portanto – sente culpa e tristeza genuina pelos teus pecados – e converte-te – muda por completo – para que os teus pecados possam ser perdoados”.
Quando Pedro negou Jesus Cristo, êle saíu e chorou amargamente (Mat. 26:75). Isso foi verdadeiro arrependimento. Êle não teve pena de si próprio mas sim passou por um terrível sentimento de remorso por causa da mágua que causara ao Senhor Jesus. Os não-crentes devem compreender que através dos seus pecados ofendem Deus ao pecar contra Êle. Isto é arrependimento divino e conduz a uma confissão verdadeira, do coração, que constitui condição bíblica para o perdão.
Como é que pessoas podem verdadeiramente confessar os seus pecados, antes de darem ao Espírito Santo a oportunidade para as convencer das consequências abomináveis do pecado? Esta convicção cresce nos nossos corações quando lemos com atenção a Bíblia ou um livro cristão, ou escutamos um bom sermão. Quando o Senhor Jesus nos chama ao arrependimento, Êle mostra-nos com exactidão a nossa posição em relação à Sua pessoa. O remorso que então se verifica em nós, de acôrdo com a Sua vontade, coloca-nos no caminho que conduz ao verdadeiro arrependimento e renovação espiritual pelo Espírito Santo.
Não há lugar para orgulho oculto e auto-justificação quando nos aproximamos de Deus para salvar as nossas almas, pois isso seria contrário à disposição de quebranto e remorso do coração: “Deus resiste ao orgulhoso, mas concede graça ao humilde” (Tiago 4:6). Nós devemos pôr fim à dependência de nós próprios e admitir que fizemos um fracasso das nossas vidas. Apenas então podemos pôr incondicionalmente a nossa confiança no Senhor Jesus para nos salvar. Nós não merecemos o que quer que seja.
Quando os pecadores arrependidos compreendem a necessidade de se reconciliarem com Deus, êles devem abandonar os seus anteriores estilos de vida pecadores, confessar-Lhe os pecados e pedir-Lhe perdão. Devem ardentemente pedir a Deus o perdão dos seus pecados e aceitar a condição do perdão, confessando honesta e completamente todos os pecados conhecidos.
“Se dissermos que não temos qualquer pecado, enganamo-nos a nós própros e a verdade não está em nós. Mas se confessarmos os nossos pecados, Êle é fiel e justo para nos perdoar os nossos pecados e para nos limpar de toda a injustiça” (1 João 1:8-9).
O Senhor Jesus espera de nós que confessemos os nossos pecados (no plural, o que significa todos êles) e que lhes voltemos as costas. Nós devemos abandonar os nossos pecados e decidir firmemente não os cometer de novo. A Bíblia diz: “Aquele que esconde os seus pecados não prosperará, mas quem quer que os confesse e os abandone obterá misericórdia” (Prov. 28:13).
Os pecadores em arrependimento bem assim como os cristãos rebeldes que voltam de novo a envolver-se em pecado e injustiça, devem estar preparados para abandonar essas suas vidas anteriores, confessando e abandonando todos os seus pecados. O filho pródigo da parábola resolveu em definitivo abandonar os seus pecados ao dizer: “Vou-me levantar e vou ter com meu pai, e dizer-lhe – Pai, eu pequei contra os céus e perante ti” (Lucas 15:18).
O rei David disse: “Reconheço as minhas transgressões e o meu pecado está sempre à minha frente. Contra Ti, Ti apenas, eu pequei e fiz êste mal a Teus olhos… lava-me e ficarei mais branco que a neve…apaga todas as minhas iniquidades. Cria em mim um coração limpo” (Salmo 51:3-4,7,9-10).
Uma confissão apressada, superficial e menos sincera dos pecados, não é suficiente. Uma pessoa deve fazer mais do que simplesmente dizer “Perdoa todos os meus pecados”. A confissão deve ser minuciosa e não apressada e confessar os pecados um a um, conforme o Espírito Santo nos convence dêles.
Outra condição muito importante para a confissão dos pecados e recebimento de Jesus Cristo como Salvador, é que tudo deve ser feito com fé. Os pecadores que aínda não responderam ao chamamento de Deus, estão mortos em pecados e aínda não têm fé, uma vez que continuam não-crentes, de corações endurecidos. A mensagem do evangelho é o que os acorda para reconhecerem a sua condição pecadora e perdida. E então,”a graça de Deus que traz a salvação”(Tito 2:11) entra nos seus corações, tornando-lhes possível pôr a sua confiança em Jesus para os salvar. Como o penitente colector de taxas, então podem exclamar: “Deus, tem compaixão de mim um pecador!” (Lucas18:13).
Paulo explica como podemos receber fé – Lendo a Palavra de Deus, que nos leva ao verdadeiro arrependimento: “Assim pois, a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus” (Rom. 10:17). Quando os não crentes lêem, ou escutam bôas mensagens evangélicas sôbre o arrependimento, o Espírito Santo coloca fé nos seus corações para acreditarem na mensagem e reagirem bem à mesma. Contudo, existem aquelas pessoas que insistem que simplesmente não podem acreditar. A soluçaão para êste problema não está na argumentação teológica, nem em convencer as pessoas de que devem apenas aceitar os factos com a mente. Essas pessoas necessitam posterior exposição à Palavra de Deus, porque o princípio mantem-se que a fé vem pela Palavra de Deus. Portanto, lendo longas secções do Novo Testamento e escutando bons sermões bíblicos, a fé virá a essas pessoas, na altura certa, ao receberem a Palavra viva de Deus nos seus corações. O Senhor Jesus disse notàvelmente: “As palavras que Eu vos falo são espírito e são vida” (João 6:63).
Quando a fé em Jesus como Salvador penetra os pecadores acordados e convictos, êles podem ter a certeza de que Deus os receberá de braços abertos, como na parábola do filho pródigo (Lucas 15:11-24), e que Deus é “justo e justifica aquele que tem fé em Jesus” (Rom. 3:26). “Sem fé é impossível agradar-Lhe, porque aquele que vem a Deus deve acreditar que Êle é e que Êle é Quem recompensa aqueles que diligentemente O procuram” (Hebr. 11:6).
Uma vez que “Deus demonstrou o Seu amor para connosco em que, enquanto eramos aínda pecadores Cristo morreu por nós”(Rom. 5:8), podemos ter a certeza de que a porta da graça de Deus está aberta para nós e que podemos entrar por ela em arrependimento e fé! Jesus disse:
“ … Aquele que vier a Mim Eu de forma alguma repudiarei” (João 6:37).
“Se confessarmos os nossos pecados, (Deus) é fiel e justo para nos perdoar os nossos pecados e nos limpar de toda a Injustiça” (1 João 1:9).
Acreditar em Jesus (João 3:16; Actos 16:31) inclui mais que acreditar que Êle veio ao mundo para morrer para a nossa salvação. Nós devemos ter um conhecimento básico da Sua divindade, do plano de Deus para a salvação, da nossa responsabilidade e também da promessa de santificação feita a todos os crentes. Devemos acreditar:
· Que Êle é o verdadeiro Deus e vida eterna, e o único Salvador do mundo (1 João 5:20; Lucas 19:10).
· Que temos de nos arrepender, com a confissão dos nossos pecados para obter o Seu perdão (Mat. 9:13; Actos 17:30).
· Que Êle é capaz de fazer de nós novas criaturas, que as coisas velhas podem passar, e que tudo pode ser feito novo (2 Cor. 5:17).
· Que Êle nos comprou com o Seu sangue e que, se O rece bermos como Salvador, daí em diante Lhe pertencemos para sermos usados por Si (1 Cor. 6:19-20; 1 Pedro 1:18-19).
· Que, por causa do novo nascimento, nós iniciamos uma vida nova, que implica um processo de crescimento para atingir a maturidade espiritual (Efes. 4:13-14; Hebr. 5:12 – 6:1) e
· Que devemos estar cheios do Espírito Santo, estudar a Bíblia e dedicarmo-nos a uma vida de serviço como testemunhas do Senhor (Actos 1:8; Efésios 5:18; 2 Pedro 3:18; 2 Tim. 3:16-17; 2 Tim. 4:2).
Há dois aspectos na salvação de pecadores, isto é, o perdão e absolvição dos seus pecados (justificação) e o receber de nova vida (novo nascimento). Êstes dois aspectos estão ìntimamente ligados, porque a humanidade caída está espiritualmente morta devido ao pecado e ao seu afastamento de Deus. Ela necessita de ser justificada e de ser reavivada.
A justificação requere a obediência à lei de Deus, que decreta a pena de morte para os pecadores (Rom. 6:23). Todos os pecadores necessitam de alguém para morrer em seu lugar (uma morte substitutiva). E apenas alguém sem pecado pode substituir uma humanidade pecadora, visto que os pecadores apenas podem morrer (e perder-se para a eternidade) por causa dos seus próprios pecados – não pelos pecados de outros. A única base para o perdão dos pecados é a morte substitutiva de Jesus na cruz, “o Cordeiro de Deus que retira o pecado do mundo” (João 1:29). Por meio dêste supremo acto de amor, Êle aceitou o castigo pelos nossos pecados para podermos obter um perdão livre, na condição de nos arrependermos, confessarmos os nossos pecados e acreditarmos n’Êle:
“Porque todos pecaram e estão destituidos da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela Sua graça, através da redenção que há em Cristo Jesus, O qual Deus propôs para ser propiciação pela fé no Seu sangue, para demonstração da Sua justiça…” (Rom. 3:23-25).
“Êle foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades, o castigo que nos traz a paz estava sôbre Êle e pelas suas pisaduras fomos curados” (Isa. 53:5).
“N’Êle temos redenção através do Seu sangue e o perdão dos pecados, de acôrdo com a riqueza da Sua graça” (Efésios 1:7).
Todo o pecador dêste mundo possui uma lista quase infindável de pecados que o condenam. As suas numerosas transgressões da lei do amor de Deus têm de ser eliminadas, antes de uma pessoa poder ser reconciliada com Deus. A pergunta que se põe é se nós tomamos a sério a lista dos nossos pecados considerando-os sistemàticamente, confessando-os e abandonando cada um dêles, e aceitando o perdão de Deus pela fé? Êle perdoará então os nossos pecados tornando-nos espiritualmente vivos:
“E vós, que estáveis mortos nas vossas transgressões e na incircuncisão da vossa carne, Êle vivificou com Êle, perdoando-vos todas as ofensas, tendo apagado a acusação que era contra nós e contrária a nós nas Suas ordenanças, e pregando-a na cruz (Col. 2:13-14).
A clara exortação bíblica para nascermos de novo é do mais alto significado na salvação dos pecadores. Com êste conceito, Deus ensina-nos claramaente:
· Que, por causa do pecado e do nosso afastamento de Deus, estamos espiritualmente mortos e necessitmos d’Êle para nos dar vida e…
· Que a nossa natureza do “Velho Adão” é uma natureza caída e pecadora, que Deus afirma não poder ser melhorada ou alterada, e que por conseguinte temos de nascer de novo para nos tornarmos novas criaturas (2 Cor. 5:17).
Jesus disse a Nicodemo: “Na verdade na verdade te digo, que aquele que não nascer de novo não pode ver o reino de Deus” (João 3:3).
A nova vida do crente, em Cristo, pode-se comparar espiritualmente à ressurreição de Jesus Cristo. Com a Sua morte por nós, nós somos perdoados, e Deus vê-nos como espiritualmente “crucificados com Cristo” (Gal. 2:20), mas “vivos para Deus” através d’Êle e capazes de “caminhar em novidade de vida (Rom. 6:4,11).
“Abençoado seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, de acôrdo com a Sua abundante compaixão, nos gerou de novo para uma esperança viva através da ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos” (1 Pedro 1:3).
Deus não só nos perdoa os nossos pecados – Êle também nos dá uma nova vida e uma nova natureza. Nós devemos conhecer o Senhor Jesus como nosso Salvador e como a ressurreição e a vida. Deus insufla a nova vida em todos os crentes através do Espírito Santo: “…de acôrdo com a Sua compaixão, Êle salvou-nos através da lavagem de regeneração e renovação do Espírito Santo, O qual Êle derramou abundantemente sôbre nós através de Jesus Cristo nosso Salvador” (Tit. 3:5-6).
O batismo de água dos crentes, por imersão, aponta simbòlicamente para a experiência acima, e constitui também uma declaração de fé no Senhor Jesus (Marc. 16:16). O testemunho de fé em Jesus Cristo, é uma condição para o batismo, visto que o batismo em si não pode salvar qualquer pessoa.
Notemos o exemplo a seguir: “E quando êles desciam a estrada, encontraram alguma água. E o eunuco disse – Vêde, aqui temos água. Que é que me proibe que eu seja batizado? – Então Filipe disse – se acreditas com todo o teu coração podes ser. E o eunuco respondeu dizendo – Eu acredito que Jesus Cristo é o Filho de Deus” (Actos 8:36-37). E então êle foi batizado. Paulo e outros convertidos também foram batizados pouco depois de terem sido salvos (Actos 9:18; 10:47-48; 16:31-33). Na grande comissão, (Mat. 28:19), declara-se claramente que à salvação se segue o batismo e depois a santificação e o crescimento cristão.
Os membros nascidos de novo da verdadeira igreja de Jesus Cristo são instruidos no sentido de se negarem a si próprios, caminharem no Espírito e produzirem “o fruto do Espírito” (Gal. 5:22-23). Nós somos chamados a uma vida de sobriedade e verdadeira santidade. O primeiro princípio da santificação e discipulado é-nos indicado claramente pelo próprio Senhor Jesus:
“Então Êle disse a todos,– se alguém desejar seguir-Me, que se negue a si próprio, tome a sua cruz diàriamente e Me siga” (Lucas 9:23).
De acôrdo com Lucas 14:27-33, a cruz da auto-negação está relacionada com a consideração cuidada do custo do discipulado. Deve-se fazer uma escolha definitiva entre querermos agradar aos desejos da carne (a velha natureza), ou estarmos preparados para renunciar ao mundo e servir o Senhor com todo o nosso coração e tudo quanto temos. Nós não podemos agarrar-nos à riqueza e à fama dêste mundo e ao mesmo tempo seguir e agradar verdadeiramente ao Senhor Jesus. Poderemos nós testemunhar como Paulo, que estamos “crucificados com Cristo?” (Gal. 2:20), considerando-nos através da Sua cruz mortos para o mundo e seus enganosos e passageiros “prazeres do pecado? (Hebr. 11:25; Rom. 6:2).
“Deus me livre que me vanglorie a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gal.6:14). Se nós rejeitarmos as tendências pecadoras da velha natureza, Deus recompensar-nos-á com uma vida de vitória e verdadeira felicidade. Paulo exortou claramente os cristãos de Efêso a …
“…Quanto à vossa conduta passada, despojai-vos do velho homem que se corrompe com as concupiscências enganosas e renovai-vos no espírito da vossa mente revestindo-vos do novo homem, que foi criado por Deus em justiça e verdadeira santidade” (Efésios 4:22-24).
Nós devemos carregar diàriamente a cruz da auto-negação. Apenas dessa maneira podemos ser verdadeiros vencedores santificados na vida cristã, e capazes de obedecer às seguintes exortações das Escrituras:
· “Portanto eu digo: Caminhai no Espírito e não seguireis as concupiscências da carne” (Gal. 5:16).
· “Mas, como Aquele que vos chamou é santo, sede vós também santos em toda a vossa conduta, porque está escrito, Sede santos porque Eu sou santo” (1 Pedro 1:15-16; Lev. 11:44-45).
· “Porque esta é a vontade de Deus – a vossa santificação… Porque Deus não nos chamou para a imundícia mas para a santidade. Portanto, aquele que rejeita isto não rejeita o homem, mas rejeita Deus, que também nos deu o Seu Espírito Santo” (1 Tessal. 4:3, 7-8).
Através da santificação e da fiel dedicação ao Senhor, que dela resulta, Êle pode transformar-nos em instrumentos puros e eficazes, aptos para o Seu serviço. Êle habilita-nos a produzir o fruto do Espírito, a fazermos frente aos ataques de Satanás, (Efésios 6:10-11), a obedecer a todas as exigências do discipulado, a manter-mo-nos fiéis aos princípios divinos perante a oposição e as tentações, e a perseverar no caminho estreito até à vinda do Senhor Jesus (Hebr. 12:1-2). Deixar de obedecer ao comando de sermos santos, reduz muitos cristãos ao deplorável baixo estado espiritual e moral evidente na igreja de Corinto:
“E eu, irmãos, não podia falar-vos como a pessoas espirituais mas sim como a carnais, como a recém-nascidos em Cristo. Eu alimentei-vos com leite e não com alimento sólido, pois até agora não éreis capazes de o receber e mesmo agora aínda não sois capazes. Pois continuais a ser carnais. Pois onde há inveja, luta e divisões entre vós, não sereis carnais e a proceder como simples homens? (1 Cor. 3:1-3; Carnal é da carne e refere-se à velha natureza que deve ser crucificada).
No mundo de hoje, muitas igrejas estão cheias de membros não-espirituais, infrutíferos, sem poder, zaragateiros, mundanos, amantes de diversões, cujo serviço se limita a problemas sociais – sem contarmos os membros que são apenas crentes nominais tendo apenas uma semelnança de santidade (2 Tim. 3:5). Aínda pior é a reação de alguns membros de congregações decadentes e voltadas à rebeldia, que até se exprimem abertamente contra a doutrina bíblica da santidade.
Durante períodos de reavivamento em que evangelistas como John Wesley proclamavam com zêlo o evangelho da salvação, do novo nascimento e da santificação, registou-se um grande acordar espiritual. Muitos arrependeram-se do pecado, foram verdadeiramente salvos e nascidos de novo, tornando-se testemunhas de Cristo e levando o evangelho aos campos missionários do mundo.
Nestes tempos do fim, o poder do Espírito Santo também está à nossa disposição, para nos habilitar a fazer grandes coisas para o Senhor. Tudo depende da nossa determinação em O servir com todo o coração. Nós devemos ser obedientes e estar dispostos a dedicarmo-nos a servir Cristo. A pergunta é: Irá Êle encontrar-nos ocupados na Grande Comissão, quando voltar para levar os Seus santos para as suas mansões celestiais? Ou irá encontrar-nos na companhia de membros da igreja preguiçosos, comprometedores, não espirituais e até não regenerados, espiritualmente a dormir? (Mat. 25:1-13).
O Senhor Jesus deseja discípulos que Lhe sejam verdadeiramente dedicados e ao Seu trabalho na Terra, e não aqueles que afirmam acreditar n’Êle mas não Lhe dão mais que magra atenção. Nós devemos ser testemunhas da Sua graça salvadora e levar vidas santas marcadas pela oração e serviço. Os crentes nominais que apenas Lhe dão uma aceitação mental sem dedicação do coração, hão-de verificar que se enganaram a si mesmos: “Nem todos os que Me dizem Senhor, Senhor, vão entrar no reino do céu, mas sim aqueles que fazem a vontade de Meu Pai que está no céu” (Mat. 7:21).
Através do poder do Espírito Santo é possível fazer a vontade do Pai e viver uma vida agradável a Deus. Se uma pessoa não se deleita em fazer a Sua vontade na Terra, como é que essa pessoa vai ser feliz no céu, onde apenas a Sua vontade é feita?
O trabalho que nós fazemos para o Senhor, não é feito como esfôrço para sermos salvos, mas sim porque estamos salvos. Jesus disse: “Da mesma maneira que o Pai Me enviou, assim Eu vos envio também” (João 20:21). Aqueles que são capazes e estão dispostos a isso, Êle envia a todas as partes do mundo a levar a boa nova do evangelho a todas as gentes. O Espírito Santo dá-nos o poder para levar a cabo esta obra vitalmente importante. Está o leitor pronto e disposto a isso?
O passo final na salvação completa é a glorificação. Ela tem lugar na primeira ressurreição, quando todos os verdadeiros cristãos vão receber corpos ressurrectos, glorificados e imortais: “Olhai, Eu digo-vos aqui um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados – num momento, num abrir e fechar de olhos, ao soar a última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados” (1 Cor. 15:51-52).
Os pormenores completos do nosso estado de glorificados no céu aínda não nos foram revelados, mas nós sabemos que, quando Jesus aparecer em todo o Seu explendor, nós seremos como Êle. Êle é o Noivo da Sua igreja e o Rei dos Reis e nós partilharemos da Sua glória.
“A nossa cidadania é no céu, de onde ardentemente esperamos pelo Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso pobre corpo, para ser conforme o Seu glorioso corpo” (Fil. 3:20-21).
“Amados, agora somos filhos de Deus, e aínda não nos foi revelado o que vamos ser, mas sabemos que, quando Êle for revelado, seremos como Êle, porque O veremos como Êle é. E todo aquele que tem esta esperança n’Êle purifica-se, mesmo como Êle é puro (1 João 3:2-3).
Em antecipação da nossa glorificação, agora nós devemos estar preparados para a próxima vida no céu, sendo puros e santos em toda a nossa conduta. O nosso estado espiritual presente, determina a nossa futura posição. Além de sermos nascidos de novo, devemos viver vidas de dedicação ao Senhor cheias do Espírito. Receberemos recompensas pelos nossos labores pelo Senhor a quando do julgamento do assento de Cristo (2 Cor. 5:10). A Bíblia menciona as coroas seguintes, para nos encorajar a níveis mais altos de serviço cristão:
· A coroa incorruptível para uma vida santa e vitoriosa (1Cor. 9:24-25)
· A coroa da alegria para os que ganham almas (1Tess. 2:19).
· A coroa de glória para os bons pastores (1Pedro 5:2-4).
· A coroa da vida para os mártires cristãos (Apocal. 2:10).
· A coroa da justiça para os que amaram a vinda do Senhor (2Tim. 4:8).
Irá o leitor apresentar-se de mãos vasias nesse dia, salvo como pelo fôgo? (1Cor. 3:15), ou será declarado servo fiel do seu Mestre? Será digno nesse dia de palavras do Senhor como estas: “O seu Senhor disse-lhe: Bem te vai servo bom e fiel; foste fiel em algumas coisas, sôbre muitas coisas te colocarei. Entra no gôzo do teu Senhor (Mat. 25:21).
Torna-se claro que o Senhor Jesus Cristo veio não só para nos salvar do inferno, como também para fazer de nós Seus discípulos. Êle deseja ser o nosso Salvador e Messias, mas também o nosso Amigo, Pastor, Mestre, Senhor, Rei e Noivo Celestial. “Vós sois uma geração escolhida… para poderdes proclamar os louvores d’Aquele que vos chamou da escuridão para a Sua luz maravilhosa” (1Pedro 2:9). Depois da nossa salvação, somos chamados e dedicados a servir Cristo, participando em trabalho evangélico tanto em casa como no estrangeiro, para sermos membros eficientes da Sua igreja na Terra e colaboradores de Deus e de Jesus Cristo (1 Cor. 3:9).
Durante esta vida estamos também a ser preparados para o nosso papel futuro de governar como reis com o Senhor Jesus no Seu próximo reino. A igreja glorificada cantará ao Cordeiro: “Fôste morto e redimiste nos para Deus, com o Teu sangue, de todos…os povos… e reinaremos na Terra” (Apocal. 5:9-10). Em antecipação dêste papel, agora nós devemos sobrepôr-nos ao pecado nas nossas vidas. Devemos também travar batalha contra Satanás no vil mundo presente, e obter vitórias em Nome de Jesus. Não devemos contentar-nos apenas com estar salvos, mas devemos dedi car-nos por inteiro à Sua causa e segui’Lo e servi’Lo enquanto Êle permitir que aqui estejamos.
A mentalidade mundana e a baixa espiritualidade de muitas igrejas modernas, estão muito longe das normas de conduta e santidade do Senhor. A maior parte dos cristãos mostra-se satisfeita com a sua pobre condição espiritual e não consegue viver de harmonia com “o alto chamamento de Deus em Jesus Cristo” (Fil- 3:14). A razão dêste estado de coisas, é que muitos de tais cristãos não são verdadeiramente nascidos de novo, enquanto que alguns que são não vivem vidas vitoriosas de vencedores no Espírito Santo (Actos 1:8; Efés. 6:10-11; Apocal. 3:11-12, 21). Os cristãos cheios do Espírito devem servir o Senhor activamente. Produzimos nós fruto próprio do arrependimento e usamos nós os talentos que Deus nos deu ao serviço do Senhor?
Desejo desafiar-vos a avaliar a fundo a vossa vida espiritual à luz da Palavra de Deus. Examinai as vossas fundações espirituais para verdes se estais de verdade na fé (2 Cor. 13:5). Na secção seguinte vamos discutir uma série de falsas fundações em que muitas pessoas baseiam as suas vidas, enganando-se a si mesmas e pensando que são cristãos nascidos de novo. Nós não podemos dar-nos ao luxo de ter dúvidas àcerca da nossa condição espiritual, pois o nosso destino eterno depende dela.
Há várias fundações falsas que o inimigo das nossas almas e seus cúmplices oferecem às pessoas, quando elas desejam tornar-se cristãs. O seu primeiro objectivo é evitar que elas decidam acreditar no Senhor Jesus para nascerem verdadeiramente de novo. No entanto, se não consegue bons resultados com o Plano A, êle não abandona os seus esforços mas experimenta o Plano B, que inclui toda a espécie de espertamente delineados estratagemas para enganar os novos convertidos com mundanismo e ignorância das verdades bíblicas, que os impedem de se tornar cristãos maduros cheios do Espírito.O que segue são algumas das fundações falsas à base das quais muitas pessoas constroiem as suas vidas, aderindo assim a uma forma de Cristianismo não-bíblico, concebido pelo homem e que é destituido de verdadeira vida espiritual.
Como resultado de uma prègação deficiente e de livros cheios de mensagens pobres, muitas pessoas não recebem um chamamento claro para se reconciliarem com o Senhor. Os prègadores conduzem as congregações a um estado de sonolência espiritual, deixando-as com a impressão de que são cristãs por serem membros de uma igreja e por concordarem com a sua profissão de fé. Os membros não são encorajados a desejar um relacionamento pessoal com o Senhor, e contentam-se com uma semelhança de rectidão exterior.
É muitas vezes instilada nas pessoas que vão à igreja, a ideia que são bôas pessoas por obedecerem a uma norma que se espera ser seguida por cristãos. Sendo elogiadas por esta ideia, elas não sentem a convicção do pecado nem a necessidade do arrependimento e da fé em Cristo como Salvador. Não com preendem que estão perdidas. Agarram-se a crer nas suas vidas como moralmente irrepreensíveis e por isso esforçam-se por fazer bôas obras na esperança de obter a aprovação da sociedade e de Deus. Tràgicamente, estas bôas pessoas estão a caminho do inferno se não se arrependerem.
Muitos milhares de pessoas que vão à igreja baseiam as suas vidas na fundação falsa da chamada ”regeneração batismal”. Elas acreditam que o batismo de infantes lhes garante a segurança eterna. Agarram-se à ideia enganadora, que as cerimónias do batismo e da confirmação numa igreja lhes garantem a salvação. Depois de tais ritos, é-lhes dito que, com êles, estabelecem um acôrdo eterno com Deus. Pensam que através do batismo nasceram de novo e estão a caminho do céu. A Bíblia afirma que a religiosidade, não precedida do arrependimento e da fé na obra de redenção culminada em Cristo, não nos livrará do julgamento de Deus e do inferno (Hebr. 4:2; 2 Tim. 3:5).
A religião de muitas pessoas consiste apenas numa mudança de conceitos. Muita da prègção é caracterizada por “palavras persuasivas de sabedoria humana”e não em “demonstração do Espírito e de poder” (1 Cor. 2:4). Como resultado disso, a mentes dos que ouvem enchem-se de argumentos teológi cos frios, destituidos de algo que mova as suas almas em resposta ao Senhor Jesus. Os ouvintes podem confessá-LO com a bôca, mas os seus corações estão longe d’Êle (Mat. 15:8). Os seus corações não sofreram alteração, mas sim apenas os seus conceitos mentais, o que os confunde e os leva a pensar que são cristãos guiados pelo Espírito Santo, o que pode não ser verdade. A auto-rectidão de nada vale: “Vós sois daqueles que se justificam a si mesmos perante os homens, mas Deus donhece os vossos corações. Porque aquilo que é altamente estimado entre os homens é uma abominação aos olhos de Deus” (Lucas 10:15). Tais pessoas nunca sentiram a santa tristeza que leva ao arrependimento pelos seus pecados (2 Cor. 7:10). Não podem verdadeiramente testemunhar que estão salvas e nascidas de novo, pois registou-se apenas uma mudança superficial nas suas vidas.
Muitas pessoas são tocadas pela mensagem do evangelho apenas emocionalmente. Decidem-se por Cristo, não em fé e arrependidas, mas movidas apenas pela emoção. Porque as emoções vêm e vão, tais decisões muitas vezes não duram muito. “Mas aquele que recebeu a semente em lugar pedregoso, é aquele que escuta a palavra e a recebe imediatamente com alegria; no entanto, não tem raiz em si, e aguenta-se apenas algum tempo. Pois quando as tribulações ou perseguição chegam por motivo da palavra, êle logo tropeça” (Mat. 13:20-21). Notemos que a pessoa a que nos referimos recebeu a Palavra de Deus com alegria – uma emoção que não se deve confundir com verdadeira fé. Uma resposta emocional e superficial, não constitui verdadeiro e profundo arrependimento dos nossos pecados, nem fé no Senhor Jesus como Salvador e como único caminho para a salvação – pode ser um arrependimento falso. Algumas pessoas podem até mencionar a data em que receberam o Senhor com alegria, mas sem arrependimento e fé em Cristo não foram verdadeiramente salvas.
Outra versão dos ensinamentos de uma graça barata, é que uma pessoa necessita apenas de acreditar – e o céu está garantido, nada mais há a fazer! Franze-se o nariz às obras incluindo ao arrependimento do pecado. Os professores falsos que tal ensinam referem-se ao seguinte: “Pois pela graça fostes salvos através da fé, e isso não de vós mesmos, isso é dádiva de Deus, não pelas obras, para que ninguém se vanglorie” (Efésios 2:8-9). Embora isso seja verdade, continuamos a não poder ser salvos pela graça através da fé sem que primeiro nos arrependamos profunda e genuìnamente de todos os nossos pecados conhecidos, confessando-os a Deus, abandonando o pecado e contando com a Sua compaixão. Se fomos salvos pela graça, devemos começar prontamente a viver uma vida de serviço a Deus com bôas obras – não para obter a salvação, pois já a temos – mas sim para agradar a Deus ao obedecermos à Sua Palavra. A seguir ao verso acima mencionado, o verso seguinte friza as bôas obras que devem seguir a salvação: “Pois nós somos a Sua obra, criados em Jesus Cristo para bôas obras, que Deus preparou de antemão para que caminhemos nelas” (Efésios 2:10).
A vida cristã requere de nós a nossa cooperação consistente e dedicada com Deus, na aplicação do Seu plano para as nossas vidas e para o mundo, tornando-nos assim Seus colaboradores (1 Cor.3:9). Isto exige um acto disciplinado da nossa vontade, confiando ao mesmo tempo na fôrça abundante e graaça de Deus através de Jesus Cristo. Paulo afirma que a graça do Senhor lhe tornou possível trabalhar com ardor no cumprimento do seu ministério (1 Cor. 15:10).
Os pecadores acordados sob a convicção do pecado, procuram muitas vezes conselho entre outros cristãos para o seu profundo sentimento de culpa. É pouco sábio dizer a essas pessoas que não são tão más como julgam. Membros de família fazem isso muitas vezes, para as ajudar a diminuir tal sentimento. Tal atitude pode destruir o trabalho de convicção do Espírito Santo sôbre o pecado para as levar à salvação. Elas devem ser ajudadas a compreender que todo o pecado é tão mau, que merece o castigo eterno no inferno. A bôa nova do evangelho, é que Deus providenciou a solução ideal para o problema, isto é, que o Senhor Jesus foi castigado na cruz pelos nossos pecados, e que, acreditando, podemos obter um perdão gratuito e a dádiva da vida eterna. Êle veio para destruir as obras do diabo (1 João 3:8), e para nos libertar de todos os nossos pecados e do castigo para eles.
Nós sentimos muitas vezes pena de nós mesmos, quando graves acontecimentos ocorrem nas nossas vidas e pensamos que não tivemos culpa disso. Nada de bom pode resultar de tal sentimento, pois “a tristeza do mundo produz a morte” (2 Cor. 7:10). A tristeza que vem da convicção do pecado é a obra do Espírito Santo para nos levar ao arrependimento e a acreditar na obra de redenção de Cristo ao morrer por nós na cruz. A auto-comiseração leva-nos a apresentar desculpas e a procurar simpatia (e soluções humanas) para os nossos problemas. Isto leva-nos também rua abaixo ao desastre e não ao arrependimento e à vitória sôbre os nossos pecados. Devemos ler a Bíblia e passar pela verdadeira convicção do Espírito Santo, que nos levará por sua vez a pedir a Deus a Sua compaixão, perdão e ajuda. Os nossos problemas são aliviados no Calvárío, onde o preço pelos nossos pecados já foi inteiramente pago.
Uma grave forma de decepção emergente em algumas igrejas, é a ideia que Deus revela-se através de sinais e maravilhas pelas actividades do Espírito Santo. Isto deu origem a uma teologia de manifestações físicas dramáticas em que se acredita que, se os sinais não são evidentes, é sinal que Deus não está presente. Muitas pessoas convencem-se que são cristãs, porque tiveram determinada experiência dramática, e não por terem tido a convicção dos seus pecados e se terem arrependido deles. Algumas caiem ao chão e têm ataques de riso, uma visão, ou são curadas, e por isso acreditam que Deus as tocou e salvou devido a tais experiências.
Milhões de pessoas são enganadas desta maneira, alimentando a sua fé emocional em serviços de viva adoração acompanhados de música rítmica, aliviando assim as suas consciências e levantando os seus espíritos durante alguns dias, para depois deles necessitarem de nova dose emocionalmente estimulante do mesmo. Tais pessoas deviam ler as suas Bíblias e compreender sèriamente que, quando se apresentarem diante do trono do Senhor, de nada lhes valerá dizer-Lhe: “Senhor, Senhor, não…fizemos nós muitas maravilhas em Teu nome?” Pois Êle lhes dirá “Nunca vos conheci, afastai-vos de Mim…” (Mat. 7:22-23). E nessa altura será demasiado tarde para nos arrependermos e obtermos a verdadeira e única vida que nos pode transformar em discípulos do Senhor Jesus.
Há também fundações falsas para uma vida de Santidade. Uma presunção muito comum é que, uma vez que todos os cristãos são nascidos de novo pelo Espírito Santo, êles também estão cheios do Espírito. Muitos crentes afirmam que, porque o Espírito Santo é uma pessoa que não pode ser diminuída ou acrescentada, nós não necessitamos de ser cheios de novo com o Espírito à medida que crescemos em graça (2 Pedro 3:18).
Esta afirmação é contrária ao que a Bíblia ensina, e priva muitos cristãos de uma vida vitoriosa e cheia do Espírito. O facto é que a nossa velha natureza deve ser negada e crucificada, antes da completa autoridade do Espírito Santo ser estabelecida nas nossas vidas. Os cristãos carnais de 1 Coríntios 3:1-3 por certo que não eram cristãos cheios do Espírito, e tinham grande necessidade da experiência da santificação. Todos os crentes necessitam saber que o Espíriton Santo reside neles e que devem ser guiados por Êle. O Senhor Jesus disse: “Quando… o Espírito da verdade vier, Êle vos guiará em toda a verdade” (João 16:13).
Muitas das falsas fundações discutidas acima convergem no movimento moderno para o crescimento da igreja. Os pastores são encorajados por um espírito humanista de pensamento positivo e de sucesso, que os leva a apresentar o evangelho do Senhor Jesus como não-ofensivo, e tão agradável ao mundo quanto possível. Isto é feito para atrair largas multidões de seguidores populares de Jesus Cristo. E, nesta maneira positivista de apresentar o evangelho, não se faz qualquer menção das coisas “negativas”, como por exemplo das pessoas não-salvas serem pecadoras, do julgamento do pecado por Deus, da existência de falsos profetas, do Anticristo etc. Tais prègadores também evitam falar da cruz e do sangue de Cristo, por essas coisas estarem relacionadas com o julgamento de Deus sôbre o pecado.
É um evangelho sem alma, em que se dizem muitas coisas bôas àcerca do Senhor Jesus, mas em que se oferecem as Suas bênçãos a toda a gente sem se mencionarem as consequências destruidoras do pecado e o futuro dos pecadores no contexto da ira de Deus sôbre êles, o que não traz qualquer benefício real. Aínda mais, tal evangelho não conduz a uma apreciação sã da natureza da morte de Cristo na cruz para perdão dos nossos pecados, e falta-lhe valor prático como directiva para a nossa vida, pois todos os aspectos negativos como a decepção espiritual não são mencionados e são deliberadamente ignorados. Desta maneira, a mensagem verdadeira do evangelho é rebaixada e eventualmente silenciada. Por meio de prègação desta natureza, incluindo programas de dedicação de 40 dias, as pessoas são privadas das armas espirituais necessárias a fazer frente às artimanhas do diabo (Efésios 6:10-12).
A vida cristã deve ser uma peregrinação de santificação enquanto caminhamos na luz da presença de Deus, comunicando com o Senhor Jesus e sendo contìnuamente lavados de todo o pecado pelo Seu sangue (1 João 1:7): “O caminho do justo é como o Sol brilhante, que brilha cada vez mais para um dia perfeito” (Prov. 4:18). Exige-se dedicação: “… ponhamos de lado todo o pêso e o pecado que tão fàcilmente nos enreda, e corramos com perseverança a corrida que está à nossa frente” (Hebr. 12:1).
A seguir até ao fim dêste livrinho, damos um sumário de um guia para crescer em graça, pelo conhecido prègador revivalista Charles Finney, tirado dos seus livros “Preleções sôbre reavivamento” e “Poder das alturas”. Estas directivas foram dadas a novos convertidos que aceitaram Cristo como Salvador, durante as suas campanhas de reavivamento: “Mas crescei em graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pedro 3:18).
Graça é favor. Na Bíblia, a palavra graça significa muitas vezes uma prenda gratuita. Assim, a graça de Deus é um favor de Deus, a Sua prenda gratuita para nós.
O comando para crescermos em graça não quere dizer que devemos abandonar gradualmente o pecado. Estranhamente, algumas pessoas pensam que é êsse o significado. Mas a Bíblia em lugar algum nos comanda que abandonemos o pecado pouco a pouco. Pelo contrário, cada palavra exige de nós que o abandonemos por completo e de imediato. Nós devemos crescer no favor de Deus, na Sua estima por nós, na Sua satisfação connosco e em procurar merecer o Seu favor.
O que se segue são algumas das condições básicas a que devemos obedecer, se quizermos crescer em graça: -
Já devemos estar em graça. Da mesma maneira que o crescimento ou aumento de qualquer coisa implica um comêço, o crescimento no favor de Deus implica que já obtivemos favor a Seus olhos. Já estamos em dívida pela graça recebida; na qualidade de um dos favoritos de Deus, já estamos em graça.
Os nossos pecados foram abandonados e perdoados. O crescimento em graça pressupõe que já nos arrependemos dos nossos pecados, que, na prática, já abandonámos todo o pecado conhecido. Ser aprovado por Deus implica que fomos perdoados e favorecidos por Êle por amor ao nosso Senhor, Jesus Cristo. O Seu favor pressupõe que renunciámos à rebelião contra Deus. Nós nunca podemos manter-nos no favor de Deus se conscientemente pecarmos contra Êle.
Crescimento contínuo. Quando a graça começa, passa a haver lugar em nós para um crescimento eterno. À medida que conhecermos melhor Deus, seremos capazes de O amar mais, mostrando uma confiança mais vasta e profunda n’Êle. Deus revela-Se-nos em Jesus Cristo, e n’Êle descobrimos a verdadeira personalidade do Deus infinito. O texto diz portanto: “Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”. Quanto mais amarmos, acreditarmos e conhecermos Deus – se nos conformarmos com êste conhecimento – mais Deus se agradará de nós; e, quanto mais nos elevarmos no Seu favor, mais Êle nos abençoará e usará ao Seu serviço.
Completa dedicação a Deus. Para crescer em graça devemos aumentar o conhecimento que temos do significado de nos termos entregado completamente a Deus. A verdadeira conversão inclui a nossa consagração a Deus com tudo quanto possuimos. Os novos crentes não se apercebem de tudo quanto as mais elevadas formas de consagração exigem: A entrega completa de tudo quanto somos, possuimos, desejamos e amamos logo que qualquer dêstes elementos entre na nossa mente, e que é uma das condições do crescimento no favor de Deus. À medida que recebemos nova luz, a nossa consagração deve alargar-se cada dia e cada hora, para o nosso crescimento não parar. Quando não colocamos tudo no altar da consagração, nesse mesmo instante paramos de crescer. Que esta verdade entre fundo nos nossos corações.
Conformidade com o ensino do Espírito Santo. Uma nova condição para o crescimento é a constante conformidade com os ensinamentos do Espírito Santo. Nós temos de aprofundar a nossa prática cristã, procurando luz espiritual através da iluminação do Espírito Santo. Não ganharemos qualquer conhecimento espiritual efectivo, senão através do ensino interior do Espírito Santo. Devemos orar constante e instantemente pelo Seu ensino, e evitarmos resistir-Lhe e ofendê-LO, continuando sempre na atitude de um discípulo de Cristo. Êle não nos ensinará através do Espírito Santo, se não renunciarmos ao eu, não vivermos sempre submetidos a Êle, e não seguirmos as Suas instruções na Bíblia.
Inabalável fé em Deus. Uma fé em Deus cada vez mais implícita conduz ao crescimento. Nós necessitamos de uma confiança tão profunda no carácter de Deus, que confiamos n’Êle tanto nas trevas como na luz, tanto quando compreendemos os Seus caminhos e exigências como quando não compreendemos. A fé implícita é uma fé firme e inquestionável, um estado mental baseado em Deus, nas Suas promessas, na Sua fidelidade e no Seu amor – independentemente do grau de dificuldade e aparente falta de senso que os seus comandos e circunstâncias orientadoras nos possam parecer.
Completa santificação. Uma alma mais profundamente santificada – o centro dos nossos desejos, amizades, emoções, sentimentos, apetites e paixões – é outra das condições para o crescimento no favor de Deus. Na sua condição depravada, a natureza humana é horrenda no todo. Embora a vontade esteja submetida a Deus, a alma pode continuar a ser desagradável àqueles que podem ver o seu desejo, paixão e concupiscência. E é através da alma que a tentação nos ataca. A vontade batalha contra êstes apetites para os manter sujeitos à vontade de Deus, e se a vontade humana mantiver a sua integridade e se agarrar à vontade de Deus, o pecado não acontece. No entanto, estas tendências rebeldes prejudicam a vontade, no serviço de Deus: “Porque a carne é contra o Espírito e o Espírito contra a carne; e êstes opõem-se um ao outro, de forma que vós não fazeis as coisas que desejais” (Galatas 5:17). Quando a alma se torna cada vez mais entregue e em harmonia com a devoção da vontade a Deus, nós ficamos livres para prestar serviço desimpedido a Deus. E assim, quanto mais completa fôr a santificação da alma, mais completamente nós estaremos no favor de Deus.
Cheios com o Espírito Santo. Crescer em Deus depende de uma crescente presença do Espírito Santo. Cada passo na vida do cristão deve ser dado sob a orientação do Espírito Santo, de maneira a sermos guiados em todas as coisas pelo Espírito de Deus. “Caminhai no Espírito e não seguireis a concupiscência da carne” (Gal. 5:16). Lembremo-nos que para crescer em graça devemos crescer na plenitude do Espírito Santo.
Um conhecimento mais íntimo de Cristo. Antes do crescimento em graça, devemos obter um conhecimento e experiência pessoais mais profundos de Cristo, e da maneira como Êle opera e se relaciona connosco. A Bíblia apresenta-nos Cristo como uma Pessoa viva. O que nos é dito sôbre Êle deve levar-nos a procurar intimidade com Êle, visto que com um relacionamento pessoal com Cristo, Deus faz-nos como Êle. Conheçamo-LO na Sua plenitude, apropriando-nos pessoalmente de Cristo pela fé, em todas as áreas do nosso relacionamento com Êle. Devemos vestir-nos com Cristo, tomando-O como nosso , pois Êle é a nossa sabedoria, a nossa rectidão, santificação e redenção, o nosso Profeta para nos ensinar, o nosso Rei para nos governar, o nosso Sumo Sacerdote para nos reconciliar, o nosso Mediador, o nosso Advogado, a nossa fôrça, o nosso Salvador, o nosso esconderijo, a nossa tôrre alta, o nosso Capitão e Chefe, o nosso escudo, a nossa defesa, o nosso prémio. Conheçamo-LO pessoalmente em cada uma destas áreas, apropriando-nos d’Êle pela fé. Isto é uma condição indispensável para o crescimento no Seu favor.
Há um número de coisas que nos podem levar erradamente a pensar que estamos a crescer em graça, quando não estamos. Tais coisas são sinais falsos de progresso espiritual:
· Crescer em conhecimentos não constitui evidência conclusiva de crescimento em graça. Os conhecimentos são indispensáveis para caminhar no favor de Deus e são uma das condições para o crescimento em graça. Mas os cocnhecimentos em si não são graça. Uma pessoa pode explodir em conhecimentos, e no entanto não estar de facto em graça. O conhecimento da Bíblia deve levar a uma dedicação mais profunda a Deus e ser assim transformado em riqueza espiritual.
· O crescimento em dons não é prova de que uma pessoa esteja a viver mais perto de Deus. Uma pessoa que professa Cristo pode orar com mais fluência, prègar com mais eloquência e exortar com mais poder, sem no entanto ser mais santa. É comum acontecer pessoas que não têm qualquer favor de Deus, serem excelentes em práticas religiosas exteriores.
· Apenas por uma pessoa pensar que está a crescer espiritualmente, não quere dizer que de facto esteja. Uma pessoa pode estar impressionada com o seu crescimento espiritual, ao passo que outras pessoas estão a ver claramente o seu declínio. Uma pessoa que esteja a apodrecer espiritualmente, raramente dá conta disso. Isso é natural. A consciência de uma pessoa em declínio espiritual torna-se cada vez mais endurecida à medida que resiste à luz. Essa pessoa pensa que está a progredir, precisamente porque tem um menor sentido do pecado. E enquanto a sua consciência dorme, ela pode continuar a ser vítima de fatal ilusão.
Existem também várias provas de que estamos a viver no favor de Deus e a progredir na nossa vida espiritual:
· Se nós verificamos que estamos a exercer mais completa e mais infantil confiança em Deus, isso prova que estamos a crescer em graça. Quando a nossa vida, atitude e espírito manifestam esta sempre crescente fé em Deus, nós demonstramos a toda gente que estamos a crescer no Seu favor.
· Se estivermos separados do mundo e das suas tentações, crescemos em graça. Uma alma crucificada para o mundo mostra progresso espiritual.
· Uma resistência menor ao sermos chamados a exercer auto-negação, também revela crescimento em graça e isso mostra-nos que os sentimentos do crente são menos despóticos, que a sua vontade está a ganhar domínio sôbre êles e que a alma está a harmonizar-se com a intenção da vontade e com os ditames da mente.
· Uma menor tentação para pecar por omissão é outro sinal de crescimento. Uma menor tentação para nos afastarmos da cruz, de responsabilidades desagradáveis, da oração, da leitura das Escrituras, das devoções pessoais e em família, mostra da mesma forma crescimento.
· Uma intensidade mais profunda e firmeza de zêlo para com as causas de Deus, revelam crescimento no favor de Deus. Às vezes o zêlo de um cristão arrefece, outras vezes aumenta; umas vezes é dedicado, outras é instável e passageiro. À medida que os cristãos crescem em devoção, o seu zêlo torna-se profundo, intenso e firme.
· Uma baixa na auto-consciência e respeito pelo “eu” em todas as acções da vida, revelam crescimento no favor de Deus. Algumas pessoas mostram-se tão cheias de si mesmas em tudo quanto dizem e fazem, que prejudicam a sua vida cristã. Os novos cristãos, por exemplo, não podem falar, orar, ou fazer algo em público, sem se sentirem ou orgulhosos ou envergonhados por terem agido na frente de outros. Mas ao abandonarem o ”eu” e consistentemente trabalharem para a glória de Deus, crescem no Seu favor.
· Impermeabilidade à lisonja ou à condenação, significa crescimento em graça. Paulo considerou coisa pouca o ser julgado por outros. Êle apenas procurava a aprovação de Deus. Uma crescente bôa disposição na aceitação de toda a vontade de Deus, revela crescimento espiritual. Algumas pessoas rebelam-se contra a Sua vontade ou o Seu contrôlo dos acontecimentos. Mas os cristãos que estão a crescer em graça abraçam toda a Sua revelada vontade com um amor cada vez maior.
· Calma no meio das adversidades demonstra crescimento. Ela mostra que a alma está firmemente ancorada em Cristo, e asssim apta a fazer frente às tempestades da vida.
· A tranquilidade perante súbitos e esmagadores desastres e perdas. Quanto mais tranquila está a alma quando as tempestades de circunstâncias repentinamente a assolam, levando os seus queridos e destruindo as suas esperanças terrenas, maior é a prova de que está no favor de Deus.
· Paciência perante a provocação e uma menor tendência para a preocupação.
· Quando não só toleramos mas aceitamos a vontade de Deus quando sofremos, e podemos aguentar pacientemente e com alegria, isso mostra que estamos a crescer no favor de Deus.
· Um aumento na impermeabilidade a todas as coisas que o mundo nos oferece e a todas as suas ameaças.
· Uma menor tendência para focar a atenção nos nossos problemas e falar deles aos outros, mostra que pensamos menos em nós e aceitamos tais problemas com uma maior submissão a Deus.
· Pensarmos menos nas faltas e incapacidades dos outros, virando-nos para as soluções bíblicas dos problemas.
· Uma oratória amável em vez de sarcástica, severa ou menos caridosa e uma maior delicadeza e ternura ao falarmos das faltas reais ou supostas dos outros.
· Uma maior relutância em tratar ou pensar em alguém como inimigo, a par de uma maior facilidade em tratar êsse alguém com bondade, orando do coração com essa pessoa e fazendo-lhe bem.
· Uma habilidade para perdoar em vez de guardar ressentimentos, e não desejarmos vingar-nos das injúrias recebidas.
· A conformidade com Deus e o crescimento na Sua graça, estão claramente patentes num crescente ciume pela honra de Deus e pelo desejo de ver a pureza da igreja num mundo corrupto.
Nós podemos crescer em graça cumprindo as condições do cresimento espiritual mencionadas nas discussões acima. Devemos lembrar-nos que cada passo no crescimento espiritual deve ser dado pela fé e não pelas obras. Alguns bons cristãos fizeram êrros verdadeiramente espantosos a êste respeito. Muitos ensinam que o caminho para a santificação está em trabalharmos para isso, chamam à santificação pela fé um absurdo e descrevem o crescimento em graça como a formação de hábitos de obediência a Deus. Isto é surpreendente. O facto é que cada passo de progresso na vida cristã é dado por meio de una nova e mais completa possessão de Cristo pela fé, um enchimento mais profundo do Espírito Santo. Como as nossas fraquezas, enfermidades e renovados pecados são revelados pelas circunstâncias que enfrentamos, o nosso único auxílio para lhes fazermos frente está em Cristo. Nós só crescemos se passo a passo nos apoderarmos d’Êle mais completamente e nos ”vestirmos mais com Êle”. Nós só amadurecemos quanto mais depressa nos despirmos da nossa auto-dependência, renunciarmos a qualquer esperança de formar hábitos santos através da nossa obediência, se pela fé participarmos em cada vez mais fundos enchimentos do Espírito Santo, e se mais completamente nos vestirmos com o Senhor Jesus Cristo. Somos santificados pela fé, tão certo como somos justificados pela fé.
Digo-o entristecido: Os ensinamenos de muitos pastores são uma pedra de tropêço para a igreja. Sob a sua instrução, os convertidos nunca são estabelecidos em graça, e nunca se tornam úteis ou vivem vidas que honrem Cristo. Tais professores não sabem êles mesmos como crescer. Para instruir convertidos e manter a igreja a caminhar em santidade, o próprio pastor deve caminhar em frente. Êle deve ser um verdadeiro e vital cristão em crescimento. As igrejas deviam recusar-se a ordenar ou chamar um pastor que não tenha mostrado progresso na experiência cristã e que não possua a habilidade espiritual necessária a manter a igreja acordada.
Muitas igrejas em muitas localiddes lamentam-se por falta de devoção viva e crescimento nos seus pastores. Os seus ministérios são intelectuais, literários, filosóficos e teológicos no ensino, mas tristemente deficientes em unção, com pouco poder com Deus ou junto do povo. Ensinam o intelecto mas não o coração, porque pregam um evangelho inteletual e não espiritual.
É óbvio porque tantas pessoas se rebelam (voltam ao antigo). A razão de ser disto é a falta de apropriada e oportuna instrução sôbre a santificção e o discipulado. Mas, para ser apropriada e oportuna, a instrução deve ser ungida pelo Espírito Santo, de maneira a que as pessoas possam ser dotadas com poder das alturas (Lucas 24:49). Os novos convertidos devem ser guiados em coisas espirituais que os tornem estáveis e eficientes no trabalho de Deus. E esta é a única maneira de ser vestido com Cristo e de prestar serviço eficiente no Seu reino” (Fim da contribuição de Finney).
O destino da peregrinação do cristão das trevas para a luz, é a nossa morada eterna no céu – na Nova Jerusalém, onde o Senhor Jesus está a preparar um lugar para nós (João 14:2-3). Durante os dias difíceis das nossas vidas na Terra, em que somos estrangeiros num mundo vil, a fé em Deus e a garantia do nosso futuro maravilhoso dão-nos a fôrça necessária a resistir às tentações e a perseverar em santidade até ao fim.
A esperança na vinda de Cristo e na nossa glorificação, constituem uma âncora forte e digna de confiança para as nossas almas, ligando-nos a Deus no Seu trono de graça (Hebr. 6:19). O próprio Senhor Jesus é a nossa âncora. Nós sabemos que o nosso futuro está seguro nas Suas mãos, e que Êle nos guiará ao longo da estrada. “Portanto não perdemos coragem. Mesmo que o nosso homem exterior esteja a perecer, o homem interior está a ser renovado dia a dia” (2 Cor. 4:16).
Infelizmente, há aqueles que perdem a coragem e arrefecem no seu amor (Mat.24:12). Em Eféso, a maior parte dos crentes abandonou o seu primeiro amor, mas mantiveram-se membros devotos da congregação. Não é de forma alguma aceitável ao Senhor Jesus, que a Sua igreja na Terra se transforme numa organização apenas com uma semelhança de rectidão, em que Êle é adorado não só de maneira nominal, mas em que é de facto posto de lado por dirigentes, estruturas eclesiásticas e organizações humanas. Êle claramente exprime o seu desagrado com tal estado de coisas e afirma que se êles continuarem com a sua rebelião, lhes retirará o candelabro do seu meio:
“Eu tenho isto contra ti, que abadonaste o teu primeiro amor. Portanto lembra-te de onde caíste; arrepende-te e faz as primeiras obras, ou então Eu virei a ti ràpidamente e removerei o teu candelabro do seu lugar – a não ser que te arrrependas” (Apocal. 2:4-5).
Dispamos as roupas sujas da rectidão humana (Isa. 64:6), ajoelhemos junto à cruz e confessemos toda a acção pecadora e atitude que nos separam do Senhor Jesus. Renovemos a nossa confissão de fé e rendamo-nos incondicionalmente ao Salvador, Àquele que nos ama com um amor eterno.
A lavagem contínua com o sangue do Cordeiro e o poder sustentador do Espírito Santo, levar-nos-ão a caminhar cada vez com mais ânimo no caminho do Senhor. Se nos tornarmos fortes no Senhor, e no poder da Sua fôrça (Efes. 6:10), nunca seremos contados entre os cristãos carnais, fracos e retrógrados. Enquanto crescermos em direcção à estatura da plenitude de Cristo, aperfeiçoaremos sentidos treinados no discernimento do bem e do mal (Efes. 4:13; Hebr. 5:14). E então progrediremos ràpidamente no caminho do Senhor, ao dedicarmo-nos a fazer obras de valor eterno.
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No nosso sítio na rêde há muitos livros e artigos em cinco línguas, Inglês, Afrikaans, Português, Russo e Swahili. Estes manuscritos podem ser computerizados gratuitamente.
É importante saber e acreditar na Palavra de Deus, uma vez que estamos a viver numa época de apostasia espiritual e declínio moral em larga escala. A Palavra de Deus é a única verdade que nos pode libertar (João 8:32; 17:17). Jesus Cristo é a Palavra, que se tornou carne (João 1:14) de forma a cumprir as Suas promessas de salvação e julgamento. Todo o joelho se vai dobrar à Sua frente (Fil. 2:10-11). Nós podemos fazê-lo ou voluntàriamente ao dobrarmo-nos perante o Seu trono da graça para O aceitar como Salvador ou, se continuarmos em rebelião, um dia compareceremos perante o grande trono branco para sermos julgados e condenados por Êle. É muito melhor aceitar o Seu convite agora para irmos até Si para a salvação, do que não ligarmos importância e seguirmos um caminho em que finalmente teremos de O enfrentar como Juiz.
Johan Malan é um professor aposentado da Escola de Ciências Sociais da Universidade de Limpopo, (dantes com o nome de Universidade do Norte), perto de Polokwane, na província do Limpopo na África do Sul. Êle e sua esposa Wilma têm um ministério cristão inter-denominacional, e muitos dos seus livros e artigos encontram-se no seu sítio da rêde na Internet.