Prof. Johan Malan, Middelburg, África do Sul (Junho de 2008)
Fé Bíblica refere-se ao elo ou relacionamento espiritual essencial entre uma pessoa salva e Deus: “Sem fé é impossível agradar-Lhe, pois aquele que vem a Deus deve acreditar que Êle é, e que Êle é o premiador daqueles que O procurm diligentemente” (Hebreus 11:6). Se nós acreditamos verdadeiramente em Deus, devemos reconhecê-LO e aceitá-LO por aquilo que Êle é, isto é, o Deus Triune e Todo Poderoso que tudo criou e que na Sua omnipotência sustem a Sua criação. Devemos também aceitar o facto que somos entes pecadores, que apenas podemos ser perdoados e renovados pela Sua graça, através da fé. Nós devemos ter uma fé salvadora em Deus, pois a vida eterna só nos é oferecida através do Seu Filho, Jesus Cristo, que se sacrificou pelos nossos pecados. Tendo aceitado Cristo como Salvador, a nossa fé no Senhor deve ser fortalecida vivendo n’Êle diàriamente, caminhando no Espírito e estudando a Sua Palavra com oração.
Acreditar apenas intelectualmente que Deus existe, e que o Seu Filho, Jesus Cristo, é o Salvador do mundo de nada servirá, se a nossa aceitação dêsse facto não nos afectar espiritualmente nem mudar as nossas vidas.Os demónios também acreditam na existência de Deus, mas tremem (Tiago 2:19). Nós devemos ter uma fé viva, por meio da qual aceitamos, honramos e servimos Jesus nosso Senhor e Salvador. Juntamente com a nossa fé n’Êle, nós devemos comprometer-nos a honrar e servir a Deus Pai e a Deus Espírito Santo.Isso constitui verdadeira fé. Todas as pessoas que não praticarem a sua fé desta maneira são descritas como não-crentes, cujas mentes foram cegas pelo deus desta era (2Cor. 4:4). Mesmo que essas pessoas acreditem em ídolos, do ponto de vista de Deus elas continuam a ser olhadas como infiéis e auto-enganadas, pois não acreditam no Deus verdadeiro.
A descrença está associada à rejeição da posição do Deus Triune como Supremo Governador e Salvador. O grande adversário de Deus é Satanás, que inicialmente era o ilustre anjo Lucifer. Deus disse-lhe: “Tu eras o cúmulo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em beleza. Tu estavas no Éden, o jardim de Deus… tu eras perfeito nos teus caminhos desde o dia em que foste criado até que a iniquidade entrou em ti (Ezeq. 28:12,13,15; Isa.14:12-17). Lucifer tornou-se arrogante e desejou exaltar-se acima de Deus para governar o universo em vez de Deus. E, ao fazê-lo, a sua fé em Deus como Ente Supremo foi destruida e transformou-se em inimigo de Deus. Por meio das suas acções, a fé de um terço dos anjos do Céu também foi destruida, transformando-os em blasfemadores e adversários de Deus, fazendo deles parte do reino renegado de Lucifer e levando-os a participar voluntàriamente na sua rebelião contra Deus.
Lucifer foi expulso do Céu com o numeroso grupo de anjos caídos que o seguiam, depois do que passaram a ocupar o espaço à volta da Terra como sua nova habitação. Como príncipe do reino hostil das Trevas, Satanás dedicou-se então à destrruição da criação de Deus, causando a desordem onde antes prevalecia a ordem. Essa é a única explicação óbvia da razão porque “o mundo que então existia” pereceu, sendo inundado com água (2 Pedro 3:6; Gen. 1:2). No primeiro dia da criação da “Terra que hoje existe” (2 Pedro. 3:7, Gen. 1:3), Deus criou a luz para dissipar as trevas. O sexto dia foi o climax do trabalho criador de Deus, quando Êle criou o homem na Sua própria imagem (Gen. 1:26-27).
Daí em diante Satanás e o seu reino continuaram nos seus planos para destruir o mundo natural. Com a ajuda dos seus aliados sem Deus, o seu principal alvo hoje em dia são os seres humanos criados à imagem de Deus. Satanás esforça-se com todo o seu poder por evitar que a humanidade caída restore o seu quebrado relacionamento com Deus, por meio do arrependimento e da fé. Êle continua a atacar sem descanso a fé das pessoas, onde quer que existam relacionamentos entre Deus e o Seu povo estabelecidos pela fé. Os métodos principais usados são a decepção espiritual e as acções e experiências negativas destinadas a minar, enfraquecer e até destruir a fé em Deus. Êle obteve tal êxito com estes esforços, que todas as dispensações na história humana terminaram em apostasia em larga escala. De acôrdo com as profecias bíblicas, dispensações futuras também vão terminar em apostasia e descrença entre a maioria da humanidade. As sete dispensações são as seguintes:
1. A dispensação da inocência no jardim do Éden. Adão e Eva não tinham conhecimento do bem e do mal. Caminhavam no jardim, tinham um relacionamento de confiiança com Deus e acreditavam no que Êle lhes tinha dito. Com grande astúcia, Satanás enganou Adão e Eva, levando-os a rebelar-se contra Deus desobedecendo-Lhe. Disfarçou-se de serpente e semeou nos seus corações a semente da descrença. Deus tinha-lhes ordenado que não comessem da árvore do conhecimento do bem e do mal, avisando-os de que por certo morreriam se o fizessem (Gen. 2:17). Satanás enganou Eva, dizendo-lhe que nem ela nem Adão morreriam se comessem daquela árvore e que, em vez disso, se tornariam omniscientes e imortais como Deus (Gen. 3:4-5). Estas são as mesmas mentiras proclamadas hoje em dia pelo Movimento Nova Era: Os seres humanos podem descobrir a sua própria divindade e, através da reincarnação obter a imortalidade.
Quando Adão e Eva perderam o seu relacionamento de fé em Deus, que é Quem dá vida, as mentiras de Satanás tiveram profundas consequências. Ambos morreram imediatamente espiritualmente, e fisicamente tornaram-se simples entes mortais. Em vez de obedecerem a Deus, tornaram-se subservientes a um deus estranho – o diabo. E desta maneira adquiriram uma natureza caída, que foi herdada por todos os seus descendentes (Rom. 5:12). Êste pecado original conduziu ao facto que todas as pessoas nascem pecadoras. E, se não forem regeneradas por Cristo, elas mantêm-se sob o controlo do deus desta era e assim caminham para a morte eterna (Rom. 5:13-19).
Adão e Eva foram expulsos do Jardim do Éden por causa da sua descrença, e a dispensação da inocência terminou numa grande tragédia para toda a humanidade.
2. A dispensação da consciência. Deus tornou possível à humanidade caída distinguir entre o bem e o mal, através da consciência. As pessoas podiam comunicar com Deus através da oração e sacrifícios, estabelecendo assim um relacionamento com Êle. Elas tinham o poder de fazer escolhas morais entre estilos de vida bons e maus. O Senhor disse a Caim: “Se te portares bem não serás aceite? Mas se não te portares bem o pecado está à tua porta. O que êle deseja é apanhar-te, mas tu o dominarás” (Gén. 4:7). No entanto, a tendência para pecar venceu. Com a exepção única de Noé e família, todas as pessoas degeneraram para um estilo de vida de total infidelidade e apostasia. “Então o Senhor viu que a maldade do homem era grande na Terra e que todos os motivos dos pensamentos do seu coração eram contìnuamente maus”(Gen. 6:5). As pessoas eram de tal maneira corruptas, que se tornaram perpétuas inimigas de Deus, evocando assim a Sua ira. E, troçando dos avisos proféticos de Noé quando êle lhes prègava, endureceram aínda mais os seus corações.
A descrença e a depravação moral com que esta dispensação terminou, deram origem a uma poderosa intervenção de Deus, em que Êle derramou a Sua ira sôbre todos, todos destruindo: “E Deus disse a Noé: O fim de toda a carne é vindo perante a minha face, porque a Terra está cheia da sua violência; e olhai, eu os destruirei com a Terra. Constrói uma arca” (Gen. 6:13-14). Era óbvio, já mesmo nestes primeiros tempos da história humana, que Deus não julga os justos com os maus, pois Noé e família escaparam os julgamentos.
3. A dispensação do govêrno humano depois da inundação. Esta época da história humana foi caracterizada pela formação de povos com governos independentes. Êles podiam escolher servir a Deus ou não. De sua própria escolha todos evoluiram para povos gentios, adoradores de ídolos. Ao construirem a Tôrre de Babel, procuravam estabelecer um govêrno mundial ateu sob direcção de um rei que se considerava deus. Deus fez ruir os seus esforços nesse sentido por meio da confusão de linguagens, depois do que os diferentes povos (ou nações) continuaram na idolatria e na rejeição do verdadeiro Deus.
O Senhor revelou-Se nesta situação espiritualmente em trevas, chamando a Si de entre as nações gentias um povo especial, que viria a ser um povo separado e santo. Foi-lhe dado o nome de Israel. Infelizmente não fez justiça ao seu chamamento espiritual. Durante uma grande seca os israelitas foram forçados a ir para o Egipto, onde entraram em apostasia e se tornaram escravos. E em parte alguma do mundo ficou então qualquer grupo que aínda acreditasse em Deus e O servisse.
4. A dispensação da lei. O Senhor introduziu uma nova dispensação libertando Israel do Egipto, de maneira a poder servi-Lo na Terra Prometida como povo santo e independente. Deu-lhe a Sua lei, guiando-o, fortalecendo-o e abençoando-o também através do serviço sacerdotal no tabernáculo. Êle deu instruções claras a Israel para que não se misturasse com as nações gentias, visto que se enxovalharia espiritualmente com a sua idolatria.
Tràgicamente, a longa história de Israel no Velho Testamento teve como principal característica a apostasia, a desobediência à lei, a descrença no Deus verdadeiro e a adoração de ídolos. Deus entregou-os com frequência aos inimigos, e numa ocasião permitiu que fôssem levados cativos para a Babilónia durante 70 anos. No entanto, e apesar de todas as reprimendas, Israel voltou com frequência ao pecado e à descrença; em consequência disso, rejeitou e mesmo matou alguns dos profetas de Deus. Devido à dureza dos seus corações, Deus não mais lhes enviou outros profetas durante o longo período de 400 anos depois de Malaquias. O Povo Escolhido de Deus tinha caído na escuridão espiritual e na descrença.
5. A dispensação da igreja. Com o nascimento do Messias uma grande luz brilhou sôbre um povo que caminhava nas trevas. “Essa era a Luz verdadeira, que dá luz a todo o homem que vem ao mundo. Êle esteve no mundo e o mundo foi feito por Êle e o mundo não o conheceu. Êle veio para os seus e os Seus não O receberam” (João 1:9-11). Com a vinda de Jesus Cristo e com o derramamento do Espírito Santo no Novo Testamento, registou-se uma grande revelação de Deus e do Seu reino. Muitas pessoas vieram à fé em Cristo através da prègação do Evangelho e da operação do Espírito Santo convencendo do pecado. Devido à descrença de Israel no Messias, foi ordenada a grande comissão de prègar o evanglho a todas as nações começando em Jerusalém. E foi desta maneira que se estabeleceu a igreja mundial de Cristo.
A crescente revelação do reino de Deus no Novo Testamento, coincidiu com um aumento no conhecimento de Satanás e seu reino. A luta entre estes dois reinos tomou uma nova dimensão, pois o diabo faz todos os esforços para evitar que as pessoas tenham fé em Cristo como seu Salvador. A fé daqueles que já aceitaram Cristo é severamente atacada, num esfôrço para a corromper, enfraquecer ou mesmo destruir. Devido à intensificação desta batalha, torna-se necessária resistência activa contra Satanás e suas actividades subversivas.
Muitos dos primeiros crentes não obedeceram a êste comando para seu próprio perigo. Paulo disse aos coríntios: “Mas receio que de qualquer forma, da mesma maneira que a serpente enganou Eva com a sua astúcia, as vossas mentes possam ser corrompidas da simplicidade que há em Cristo. Porque, se um que vier prègar outro Jesus que nós não prègámos, ou se receberdes um espírito diferente que não recebestes, ou um evangelho diferente que não aceitastes, vós o recebeis de bôa vontade” (2 Cor. 11:3-4). Os Galatas também se desviaram da verdadeira fé, ao tentarem combinar lei e graça. Além da fé em Cristo, também se sujeitaram à lei guardando o Sábado e submetendo-se à circuncisão. Paulo disse: ”Vós afastastes-vos de Cristo, vós que tentais justificar-vos pela lei; vós caístes da graça” (Galatas 5:4). Êle denunciou fortemente qualquer esfôrço para proclamar evangelhos falsos, declarando amaldiçoados os que o fazem (Galatas 1:8).
Os crentes sabem por experiência própria, que a fé dos cristãos está a ser atacada sem descanso por Satanás. Se não resistirem ao diabo, estes ataques demónicos podem ter consequências devastadoras para as suas vidas espirituais. Paulo aconselhou Timóteo a ter “fé e bôa consciência, rejeitando a qual alguns sofreram naufrágio na fé” (1Tim.1:19).
Devido a decepção em larga escala, a antiga igreja cristã tornou-se infiel ao Senhor, aderindo a várias doutrinas falsas (Apoc. 2 & 3). Então a luz do evangelho extinguiu-se e veio a escuridão espiritual, que deu origem aos mil anos conhecidos por Idade das Trevas (Idade Média). Êste período (do século 6 ao século 16), é chamado frequentemente o milénio de Satanás, por ter como característica a decepção espiritual em larga escala, perpetuada pelo Vaticano. Durante êste periodo existiam apenas pequenos grupos de cristãos evangélicos perseguidos, como os Valdenses na Itália, que se escondiam em cavernas no cimo das montanhas, contra os chamados “exércitos santos” do papa.
Depois da Reforma da Igreja no século 16, muitas das igrejas protestantes seguiram a ideia católico-romana de uma igreja do estado, com poderes para perseguir e até executar os heréticos. Os verdadeiros cristãos (como os Anabatistas) também sofreram sob êsse regime. Foi apenas nos séculos 18 e 19 que se registaram grandes reavivamentos em que os missionários começaram a prègar o evangelho em todo o mundo. O século 20 foi de novo uma época de grande apostasia mundial, não só devido ao materialismo e às ideologias socialistas e humanistas, mas também devido à proclamação de falsas doutrinas religiosas. A apostasia ganhou ímpeto, e presentemente, no início do século 21 está a ganhar proporções sem precedentes. Alguns dos ensinamentos falsos, como os promovidos pelo movimento Palavra da Fé, são prègados em nome do Espírito Santo, e são acompanhados por manifestações estranhas. É tendo em vista êste tipo de decepção, que o próprio Espírito Santo nos avisa contra a apostasia do tempo do fim, como parte do programa do diabo para controlar totalmente os povos: “Agora o Espírito diz expressamente, que nos últimos tempos alguns se afastarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demónios” (1 Tim. 4:1).
Àparte êrros doutrinários, o afastamento da fé pode também ser o resultado da indulgência no pecado: “Tende cuidado irmãos, que não haja em qualquer de vós um coração mau de descrença afastando-vos do Deus vivo; mas exhortai-vos diàriamente uns aos outros enquanto o tempo é chamado “Hoje”, para que nenhum de vós seja endurecido pela enganosidade do pecado” (Hebr. 3:12-13). Os assim endurecidos não “mantêm firme o princípio da (sua) confiança até ao fim” (Hebr. 3:14).
Quando os membros de uma congregação renegam a fé seja porque razão fôr, êles distanciam-se de Jesus Cristo e do Seu amor. A essas congregações Êle diz: “Tenho esta coisa contra ti, que tu abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te portanto de onde caíste; arrepende-te e faz as primeiras obras, ou Eu virei depressa e removerei o teu candelabro do seu lugar – se não te arrependeres” (Apoc. 2:4-5). O Senhor Jesus também avisou os Seus primeiros discípulos contra a regressão na fé: “Estai em Mim e Eu em vós… se qualquer não estiver em Mim, êsse é deitado fora como um ramo, e seca; e apanham êsses e lançam-os no fôgo e são queimados” (João 15:4,6).
Tendo em vista a grande apostasia que a Bíblia prediz para os últimos dias, torna-se óbvio que o mundo está a caminhar para uma situação semelhante às que se registaram no final de dispensações anteriores.O Senhor Jesus avisou que os dias pouco antes da Sua segunda vinda seriam como nos dias de Noé e de Lot (Lucas 17:26-30). Durante aqueles dias, os verddeiros crentes formavam uma minoria tão pequena, que não podiam constituir factor decisivo no carácter da sociedade, não podendo portanto travar a proliferação do mal. O Senhor interveio então e, antes de julgar os rebeldes, removeu os crentes para um lugar seguro.
Hoje encontramo-nos numa situação semelhante, uma vez que a minoria dos crentes evangélicos já não pode garantir a observância dos princípios cristãos na sociedade. As constituições cristãs, a educação cristã, a moralidade cristã e a administração bíblica da justiça com penalidades apropriadas contra os criminosos, são instituições que estão a desaparecer da nossa sociedade. E estão a ser substituídas por instituições e estilos de vida sem lei, corruptos, violentos e totalmente depravados que, sendo mesmo aínda piores que os do tempo de Noé e Lot, são o pior da história humana. No nosso caso, o Senhor também removerá o pequeno grupo de crentes verdadeiros, desta vez por meio do arrebatamento, depois do que derramará a Sua ira sôbre os iníquos durante o período da tribulação.
6. A dispensção do govêrno do Anticristo. O Anticristo vai ser revelado directamente depois do arrebatamento, quando começar a dispensação do seu reino de sete anos na Terra. No início dêste período, não haverá crentes na Terra, o que justifica o facto que o mundo inteiro seguirá o Anticristo com espanto, adorando-o (Apocalipse 13:3-4). No entanto, pouco depois de ser revelado, 144.000 judeus serão salvos, e através do seu testemunho muitas outras pessoas de todas as nações vão acreditar em Cristo como seu Salvador (Apoc. 7). O Anticristo receberá poder de Satanás para impôr o reino das trevas a toda a gente. A meio da tribulação vai declarar ser Deus e ordenar a execução de todas as pessoas que se recusarem a adorarem-no e a aceitar o seu número (Apocalipse 13:15; 20:4). De acôrdo com Apocalipse 6:9-11, todos os cristãos vão morrer como mártires durante êsse tempo. Foi em referência a esta situação que o Senhor Jesus perguntou: “Quando o Filho do Homem vier, encontrará fé na Terra?” (Luc. 18:8).
Esta dispensação vai terminar não só numa apostasia mundial, como também num esfôrço de inspiração demónica para matar o verdadeiro Cristo, quando Êle vier de novo. Satanás sabe que Cristo vai voltar à Terra depois da tribulação de sete anos, quando descer no Monte das Oliveiras. E enviará demónios para mobilizar todas as nações para a grande confrontação com o Senhor. O apóstolo João diz: “E vi três espíritos imundos, como rãs, a sair da boca do dragão, da boca da bêsta e da boca do falso profeta. Porque êles são espíritos de demónios fazendo sinais, que vão ter com os reis da Terra e do mundo inteiro, para os convidar para a batalha daquele grande dia do Deus Todo Poderoso…E juntaram-se todos no lugar chamado em Hebreu Armagedon” (Apoc. 16:13-16). O principal motivo da reunião destas fôrças também é mencionado: “E eu vi a bêsta, e os reis da Terra e os seus exércitos reunidos para fazer guerra contra Aquele sentado no cavalo e contra o Seu exército. E então a bêsta foi capturada e com êle o falso profeta, que operava maravilhas na sua presença com as quais enganava os que recebiam a marca da bêsta e adoravam a sua imagem. Êstes dois foram lançados no lago de fôgo a arder com enxôfre” (Apoc. 19:19-20).
7. Dispensação do Milénio. Jesus Cristo vai voltar à Terra para julgar os Seus inimigos, que se reunirão sob a direcção do Anticristo e do falso profeta, e também para amarrar Satanás num pôço sem fundo durante mil anos (Apoc. 19:19 – 20:3). Nessa altura salvará o remanescente de Israel e as nações, por se terem arrependido dos seus pecados quando O rejeitaram como Salvador do mundo: “Imediatamente depois da tribulação dêsses dias, o Sol escurecerá e a Lua não dará luz; as estrêlas cairão do Céu e os poderes dos céus serão abalados; E então o sinal do Filho do Homem aparecerá no Céu e todas as tribos da Terra se lamentarão, e verão o Filho do Homem descer nas núvens do Céu com poder e grande glória” (Mat. 24:29-30; Zac. 12:10-11).
O Senhor Jesus governará o mundo do trono restaurado de David, em Jerusalém (Actos.15:16-17; Apoc. 19:15). Os Seus santos também participarão no govêrno, governando com Êle como reis (Apoc. 2:26-27; 20:4). A salva nação de Israel será a testemunha especial do Senhor, e evangelizará o mundo durante esta dispensação (Isa. 27:6). E será altamente admirada por todas as nações (Zac.8:23). Mas, embora a primeira geração de pessoas depois do regresso de Cristo seja toda salva, os seus descendentes continuarão a nascer com naturezas pecadoras, e portanto terão de ser evangelizados.
Embora possa pareçer incrível e improvável, uma mera forma de santidade no decorrer do tempo durante o Milénio, vai dar origem a descrença em larga escala. Isto será consequência directa do facto de as pessoas não serem verdadeiramente nascidas de novo nem crucificarem as velhas naturezas pecadoras. O diabo, como enganador do mundo (Apoc. 12:9; 20:3), juntamente com todos os seus espíritos malignos, não será capaz de levar activamente as pessoas a cometer actos de rebeldia contra Deus. Todas as pessoas vão gozar das vantagens e benefícios dessa época especial da história. No entanto, continuarão a ser vítimas potenciais do diabo quando êle fôr solto e tiver de novo oportunidde para as enganar.
Quando Satanás fôr solto do pôço sem fundo depois dos mil anos, para mais uma vez tentar a humanidade levando-a a revelar os pensamentos e desejos escondidos nos seus corações, a maioria das pessoas vai cair imediatamente vítima do seu engano e participará voluntàriamente na última grande rebelião contra Deus e Seu reino:- “Quando os mil anos tiverem expirado, Satanás será solto da prisão e sairá a enganar as nações dos quatro cantos da Terra, Gog e Magog, cujo número é como a areia do mar, para as reunir para a batalha. Elas cobriram a largura da Terra e rodearam o campo dos santos e a cidade amada. E fôgo desceu de Deus, do Céu, e devorou-as. E o diabo, que as enganava, foi atirado para o lago de fôgo e enxôfre, onde estão a bêsta e o falso profeta. E serão atormentados dia e noite para todo o sempre” (Apoc. 20:7-10).
Considerados todos os exemplos de apostasia durante diferentes dispensações através dos séculos, nós aprendemos que os verdadeiros crentes foram sempre uma pequena minoria. Hoje em dia há também muitas pessoas que desejam seguir o caminho estreito, mas que simplesmente não conseguem entrar pela porta estreita. O Senhor Jesus disse: “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois muitos, digo-vos Eu, vão procurar entrar mas não conseguirão” (Lucas 13:24). Há muitas pessoas que desejam tornar-se cristãs, mas que não estão preparadas para se arrepender e abandonar os seus pecados! É impossível entrar pela porta estreita com pecados não confessados como bagagem.
Confessai e abandonai todos os vossos pecados e sereis capazes de entrar pela porta do verdadeiro arrependimento. E, depois disso acreditai também no Senhor para a segunda obra da graça, que é a santificação. Isto habilitar-vos-á a perseverar no caminho do Senhor até ao fim e a prestar serviço no Seu reino. O Senhor não deseja fazer de nós apenas crentes com um testemunho de salvação, mas também discípulos eficientes no Seu reino. Para tal, é preciso crescer na nossa santa fé (Judas verso 20). Então e apenas então poderemos manter-nos firmes e obter a vitória ao travarmos a bôa batalha da fé (1 Tim. 6:12).
Em Judas 1:3 o profeta exorta-nos a “lutar com afinco pela fé que foi entregue aos santos de uma vez para sempre”. Os santos são as pessoas que abandonaram o mundo depravado e se voltaram para Deus, entraram num relacionamento de fé com Êle, aceitaram o Seu perdão e libertação e caminharam daí em diante no caminho da Sua justiça. Satanás ataca ferozmente todos os crentes - não só nas suas vidas pessoais como também nos seus esforços por levar outros a sair do reino das trevas para a maravilhosa luz do Senhor. Tais ataques continuaram através dos séculos e estão a intensificar no fim dos tempos, porque o diabo sabe que apenas uma fé verdadeira evitará que as pessoas aceitem e adorem o Anticristo como Messias universal. Nós devemos resisir a êstes ataques, procurando simultaneamente lutar com dedicação por uma fé bíblica no meio da grande apostasia. Lêde em Hebreus 11, o relato sôbre os heróis da fé do Velho Testamento que realizaram grandes obras para o reino de Deus. E não considereis nem por um momento juntar-vos aos enganados comprometedores da fé, dos nossos dias.
Mantende-vos firmes no Senhor, num mundo apóstata rejeitador de Deus, para o qual somos chamados a brilhar como luzes no meio de uma geração tortuosa e perversa. Não vos agarreis às águas turbulentas em que tendes de navegar, mas mantende sim os olhos no Senhor Jesus, que é o autor e completador da nossa fé. Êle disse: “Não deixeis que o vosso coração se preocupe; acreditais em Deus, acreditai também em Mim. Na casa de Meu Pai há muitas mansões… Eu vou para preparar um lugar para vós. E se Eu vou e preparo um lugar para vós, Eu virei outra vez e vos receberei para Mim; para que onde Eu estou vós possais também estar” (João 14:1-3). Nós devemos ser encorajados e motivados na nossa fé pela promessa do nosso destino eterno.