Prof. Johan Malan, Middelburg, África do Sul, (Junho 2009)
Em Apocalipse 2 e 3 há sete cartas que o Cabeça da Igreja Cristã, o próprio Jesus Cristo dirigiu à igreja de todos os séculos, por intermédio do Seu servo João. As cartas não têm data e portanto constituem escritos eternos dirigidos a todos os seguidores de Cristo – aos fiéis e aos desencaminhados. As cartas contêm promessas valiosas e carinhoso encorajamento aos que perseveram no caminho certo, mas também reprimendas claras e sérios avisos a todos os que começam a errar e subsequentemente se afastam da verdade. Muitos dêstes últimos perdem-se por completo no caminho.
Porque é que estas cartas só foram dirigidas a sete igrejas? Simplesmente porque elas reflectem os pontos fortes e fracos típicos de toda a Igreja cristã na Terra. Quando João enviou estas cartas cêrca do ano 95 AD, a igreja de então já tinha sido estabelecida há vários anos e já mostrava várias formas de apostasia. Hoje em dia continuam a notar-se as mesmas formas de apostasia, -- muitas vezes de maneiras mais extremas que durante aqueles primeiros anos. Por conseguinte nós podemos hoje, quase 20 séculos mais tarde, aplicar aínda estas cartas para determinarmos a natureza do nosso relacionamento com o Senhor.
O estilo geral das cartas é fortemente repreensivo, pois elas pintam um quadro de apostasia deveras nêgro, uma forma morta de santidade, o mundanismo, e o comprometimento com religiões falsas. Em cinco das sete igrejas, os verdadeiros crentes eram um pequeno grupo de minoria, que era encorajado à vitória e a perseverar no caminho certo no meio de todos os êrros do seu tempo. As circunstâncias exteriores eram muitas vezes perigosas, mas isso não afectava adversamente a espiritualidade dos membros. No entanto, o materialismo de Laodiceia e o comprometimento de Pérgamo com o mundo pagão, trouxeram consequências desastrosas para a igreja. O mesmo se nota aínda nos nossos dias.
O grande desafio dirigido nestas cartas aos verdadeiros crentes é que, através da sua perseverança, devem evitar a todo o custo o retrocesso espiritual e lutar por se contarem entre os vencedores. Êles serão considerados dignos de governar com Cristo no Seu futuro reino de paz: “Agarrai-vos ao que tendes até Eu vir. E àquele que vencer e mantiver as minhas obras até ao fim, a êsse Eu darei poder sôbre as nações” (Apocal. 2:25-26). Há muito que está em jôgo e os verdadeiros filhos do Senhor devem-se esforçar por ser vencedores nesta exigente corrida espiritual.
O que segue são características salientes das mensagens às sete igrejas:
A igreja de Efeso é típica das igrejas grandes e crescentes dos tempos modernos, em que se elaboram grandes actividades como bazars, seminários, programas para a juventude e campos de fim de semana. Elas labutam sem descanso em nome de Cristo (Apocal. 2:3). Estas igrejas possuem confissões cristãs claras, nos têrmos das quais cultos e falsos profetas podem ser fàcilmente identificados e rejeitados (Apocal. 2:2,6). Desta maneira é instilado nos membros um sentimento de falsa segurança espiritual.
Mas as igrejas desta natureza têm o enorme problema de se centrarem no homem e não em Cristo. A sua fôrça motivadora mais importante é um amor humanista pela causa do Senhor e todos os benefícios que ela oferece para a felicidade pessoal e gerência cristã das sociedades, em vez de um amor divino que leve a uma maior santidade no nosso relacionamento com o Senhor Jesus e na proclamação da mensagem da salvação a um mundo a morrer.
Proclamam-se e promovem-se valores cristãos positivos, por meio de programas para o desenvolvimento da auto-estima, sem se dar atenção ao lado nêgro dos problemas humanos, nomeadamente o pecado. Por tal motivo, a cruz de Cristo, em que Êle carregou com a penalidade pelos nossos pecados, não tem nessas igrejas a proeminência que lhe é devida. O coração do evangelho cristão é abandonado pelo simples facto de a ignorarem, deixando assim os crentes apenas com uma semelhança de santidade. Esta atitude conduz pràticamente à rejeição ou negação do amor agapé de Deus, que O levou a enviar o Seu Filho à Terra para pagar o resgate pelos nossos pecados. Esquecer êste facto importante e fazendo da igreja uma instituição humana em que apenas as boas relações humanas e os valores positivos são seguidos, tornam a igreja efectivamente morta e impotente.
O Senhor Jesus denuncia fortemente estas pessoas por causa da sua compreensão errada do amor divino, chamando-as ao arrependimento e a abandonarem a sua condição confusa e apóstata: “Eu tenho isto contra vós, que vós abandonastes o vosso primeiro amor. Lembrai-vos portanto de onde caístes; arrependei-vos e fazei as primeiras obras, ou então Eu virei até vós ràpidamente e tirarei o vosso candelabro do seu lugar-- se não vos arrependerdes” (Apocal. 2:4-5).
Uma verdadeira igreja de Cristo é descrita como um candelabro (Apocal. 1:12-20), em que o óleo é vasado, simbòlicamente fazendo referência ao Espírito Santo, de maneira a que as suas sete lampadazinhas possam acender e derramar a sua luz num mundo em escuridão. Se a igreja (ou uma pessoa) abandonar os aspectos cardinais da verdade do evangelho, o Senhor retirará o Seu Espírito de tal igreja ou pessoa. E então tem de se arrepender da sua condição apóstata.
Torna-se evidente na história da igreja de Efeso, que se registara ali um grave retrocesso espiritual. Os ensinamentos de profetas falsos (“lôbos selvagens”) eram escutados, aceites e proclamados. O pastor e os anciãos propagavam perspectivas distorcidas e um falso evangelho na igreja, e minavam assim a fé dos membros. Depois do apóstolo Paulo ter instruido extensivamente por longo tempo esta congregação no total conselho de Deus, êle compreendeu no entanto que havia ali problemas. E, no seu discurso de despedida deu-lhes o aviso seguinte:
“Olhai portanto por vós e por todo o rebanho sôbre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus que Êle resgatou com o Seu próprio sangue. Porque eu sei isto, que depois da minha partida entrarão no meio de vós lôbos cruéis que não perdoarão ao rebanho, e que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas para atrairem a si os discípulos. Portanto vigiai, lembrando-vos de que durante três anos não cessei noite e dia de avisar com lágrimas cada um de vós (Actos 20:28-31).
É óbvio que o evangelho do sangue e da cruz foi rejeitado pela igreja e substituido por um evangelho de boas obras, observância da lei do Velho Testamento e rituais da igreja. Paulo instruiu Timóteo a fazer frente às pessoas culpadas da igreja de Efeso, avisando-as para não alterarem o evangelho da graça de Cristo, tornando-se professores da lei (1Tim. 1:3-7). Devido às suas acções, a fé de certos membros foi totalmente destruida. Paulo exortou Timóteo a ter “fé e uma boa consciência, rejeitando a qual alguns fizeram naufrágio na fé, entre os quais Himeneu e Alexandre” (1Tim. 1:19-20). Êstes professores falsos afirmavam entre outras coisas que a ressurreição já passara (2Tim. 2:17-18).
Mas também havia alguns fiéis em Efeso, que eram encorajados a manter-se firmes na verdade e a serem vencedores (Apocal. 2:7). Êstes eram uma minoria pouco popular. A história da Igreja confirma que êrros de doutrina instilados nas congregações gozavam muitas vezes de grande apôio do povo, distorcendo por completo a teologia de muitas igrejas. Até professores falsos que negam o evangelho da cruz, têm muitas vezes “muitos” seguidores (2 Peter 2:1-2) como se pode ver claramente hoje em dia.
Smirna significa Azedume. Desde os tempos mais remotos houve igrejas de Cristo, ou por vezes apenas alguns membros, que foram perseguidos e sofreram imenso por causa da sua fé. Muitos morreram como mártires. A perseguição era na maior parte instituída por regimes opressivos, que governavam em associação com religiões pagãs hostis, como por exemplo o Império Romano no período antes de Constantino. Durante muito tempo na nêgra Idade Média, a Igreja Católica Romana foi a perseguidora dos Cristãos que se recusavam a aceitar a autoridade e confissões doutrinárias do papa. Foram mortos milhares de crentes pelos «exércitos santos» do Vaticano. Devido a isto, muitos dos cristãos evangélicos sobreviventes fugiram da Itália para a França e outros países. Os crentes protestantes que abandonaram a Igreja de Roma, foram subsequentemente severamente perseguidos também em França. Muitos fugiram para a Holanda, de onde foram enviados como colonizadores para a ponta Sul de África.
Durante o século 20, os regimes comunistas bem assim como grupos marxistas rebeldes noutros países, foram os maiores perseguidores dos cristãos. Muitos missionários foram também perseguidos e mortos em países ateus, onde os governos se alinhavam a religiões pagãs como o Budismo, o Induísmo e o Islam. A perseguição aos cristãos é aínda perpetuada hoje em muitos países, particularmente em países islâmicos radicais.
O Senhor Jesus tem uma mensagem muito clara para as Suas testemunhas que são alvo da perseguição: “Sêde fiéis até à morte, e Eu vos darei a corôa da vida…Aquele que vencer não será ferido pela segunda morte” (Apocal. 2:10-11). Se se mantiverem fiéis ao Senhor até ao fim, herdarão a vida eterna; e então a segunda morte (a morte eterna que espera todos os pecadores) não os tocará, pois não terá poder algum sôbre êles. Aqueles que negam Jesus apenas para escaparem a dificuldades, trarão grande vergonha e pêrda sôbre si mesmos, visto que não prevaleceram na batalha.
Os mártires que sofrem devido à sua fé em Jesus Cristo estão na primeira linha da batalha entre os reinos de Deus e de Satanás. E isso é uma posição honrosa para se estar, e não algo porque nos sintamos embaraçados: “Amados, não considereis coisa estranha as dificuldades que vos vão sobrevir, como se algo de facto estranho vos acontecesse; mas regosijai-vos na medida em que estais a partilhar dos sofrimentos de Cristo, de maneira a que, quando a Sua glória fôr revelada, vos possais também alegrar com grande alegria” (1Pedro 4:12-13; veja-se também Lucas 6:22-23; Rom. 8:17; 2Tim. 2:12).
Nesta carta discute-se um problema muito grave de doutrina, descrito como a doutrina de Balaão. À excepção de um pequeno grupo íntimo que se firmava na verdade da Palavra de Deus, a igreja cristã de Pérgamo tornou-se muito liberal e abertamente associada aos pagãos à sua volta. A igreja também se misturava com o mundo secular, o que conduz sempre à apostasia e à infidelidade para com Deus. Êste fenómeno é claramente reflectido pelo nome Pérgamo que significa casamento -- um casamento entre a igreja e o mundo. Aos olhos do Senhor, uma amizade desta natureza constitui adultério espiritual (Tiago 4:4).
O Senhor refere-se a êste desvio como “a doutrina de Balaão, que ensinou Balak a fazer tropeçar os filhos de Israel comendo coisas dedicadas a ídolos e cometendo imoralidade sexual” (Apocal. 2:14). De acôrdo com Números 22 a 24, Balaão foi recrutado por Balak, o rei dos moabitas, para amaldiçoar Israel. Mas Balaão não pôde obedecer a tal pedido, e mais tarde convenceu Balak a não adoptar a maldição nem a confrontação militar, mas antes convencer Israel a comprometer-se com deuses estrangeiros participando numa festa em honra de Baal. Esta estratégia deu resultado, e em números 25 lemos que Israel aceitou o convite para uma festa a Baal em Moab.
É óbvio que também nos nossos dias Satanás está a obter grande êxito entre os cristãos do Ocidente, usando a mesma estratégia do comprometimento. Êle causa mais prejuizo espiritual desta maneira, do que com a estratégia da confrontação, que adopta em países onde os cristãos são perseguidos e torturados. A igreja cristã em Pérgamo estava sujeita à severa pressão dêste comprometimento religioso, e foi assim levada à infidelidade espiritual. E o sofrimento dos mártires foi muitas vezes o resultado final para aqueles que se recusavam a comprometer-se com tais sistemas malignos. Antipas foi um exemplo disto (Apocal. 2:13). O seu nome significa Contra tudo. Êle era um pastor na sua igreja, e foi executado dentro de um bezerro ôco de bronze, debaixo do qual se acendera uma fogueira que o queimou vivo lá dentro.
O Senhor Jesus apresenta-Se a esta congregação como Aquele que possui a espada de dois gumes (Apocal. 2:12). A espada da Sua Palavra separa distintamente e sem a menor dúvida a rèctidão da injustiça. Opera em cooperação com a consciência de uma pessoa, para a ajudar a discernir entre o bem e o mal.
Os comprometedores modernos do movimento ecuménico devem tomar nota dêstes avisos. Êles dão-se mãos com outras religiões e com governos seculares mundanos, num esfôrço para promover a paz e a unidade no mundo. Mas essa é uma paz sem Cristo. Êle disse: “Deixo-vos a paz; a minha paz vos dou; não como o mundo dá, Eu vo-la dou” (João 14:27).
Esta é uma carta dirigida uma igreja em que a maioria dos membros se tinha afastado por completo da verdade e se ocupava em decepção demónica. Êste fenómeno tem-se registado através dos séculos, mas é particularmente característico do tempo do fim: “Agora o Espírito diz expressamente que nos últimos dias muitos se afastarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demónios” (1Tim. 4:1). Os colaboradores que Satanás usa para o seu trabalho de enganar as pessoas, são falsos profetas de ambos os sexos (Apocal. 2:20):
“Pois êsses são falsos apóstolos, obreiros enganosos, que se transformam em apóstolos de Cristo. E não é de admirar! Pois o próprio Satanás se transforma num anjo da luz. Portanto, não é grande coisa se os seus ministros se transformarem também em ministros da rèctidão, cujo fim será de acôrdo com as suas obras” (2Cor. 11:13-15). Os falsos apóstolos e profetas de Satanás pretendem ser mensageiros de Cristo de forma a ganhar acesso fácil às igrejas cristãs, com o fim de enganar os seus membros. Êles especializam-se em revelações extra-bíblicas de Deus através de sonhos, visões e vozes que falam com êles. E êstes são os canais através dos quais as mentiras camufladas de Satanás são mais fàcilmente introduzidas nas igrejas.
Por meio das mensagens falsas dêstes profetas, as pessoas não aprendem mais sôbre Deus, mas tomam conhecimento sim das profundidades de Satanás (Apocal. 2:24). Acontecem sinais e maravilhas ocúlticas, que confundem as pessoas e as levam a acreditar numa mentira; são mencionadas profecias falsas sôbre reavivamentos e um futuro maravilhoso na Terra; são forjadas mentiras ecuménicas com todos os tipos de igrejas e outras religiões; e a oração é substituída pela meditação. As pessoas que se abrem a estas mensagens e actividades, recebem forte incentivo para acreditar nas mentiras do grande enganador (2Tess. 2:8-12).
Os julgamentos de Deus durante o próximo período de tribulação, são o destino dos membros destas falsas e enganadas igrejas (Apocal. 2:22). Os que estiverem vivos quando o Senhor vier buscar os seus servos fiéis no arrebatamento, ficarão para tràs tornando-se adoradores e fiéis seguidores do Anticristo (Apocal. 13:3-4).Os que estiverem mortos comparecerão perante o grande trono branco depois da segunda ressurreição, para serem condenados ao lago de fôgo eterno (Apocal. 20:11-15). A sua falsa religião, praticada em nome de Jesus, não lhes será de qualquer proveito nessa altura (Mat.7:22-23).
O Senhor Jesus oferece uma promessa maravilhosa à minoria dos servos fiéis da perversa Tiatira: “Mas agarrai-vos bem ao que tendes até Eu vir. E ao que vencer e guardar as minhas obras até ao fim, a êsse darei poder sôbre as nações” (Apocal. 2:25-26).
A êste tipo de igrejas espiritualmente mortas, que só possuem uma semelhança de santidade e um pequeno número de verdadeiros crentes, é dirigida uma curta mas poderosa mensagem. O Senhor Jesus mostra-se à igreja em Sardis ousado e muito específico na Sua descrição dela: “Tu tens a fama de estar viva, mas estás morta. Sê vigilante e fortalece o que aínda tens e está prestes a morrer, pois Eu não achei as tuas obras perfeitas aos olhos de Deus. Lembra-te portanto daquilo que recebeste e ouviste; mantem-te firme e arrepende-te” (Apocal. 3:1-3).
Esta igreja tinha a fama na sociedade de estar viva, e assim era aceite como uma igreja boa e vibrante. No entanto, isso era apenas uma aparência exterior, pois de facto estava completamente morta. Devido à sua morte espiritual, esta igreja não proclamava o evangelho ao mundo não-salvo a morrer à sua volta. E o Senhor Jesus disse-lhe que a sua posição espiritual era inaceitável, pois não se harmonizava com a norma de Deus para a salvação. E que isso era a razão da falta do fruto próprio do arrependimento. O pastor da igreja adoptava uma forma de rèctidão morta e ritualista, em que toda a gente era declarada salva da maneira mais fácil possível. Esta atitude tornava-o e à sua igreja socialmente aceitável, mas aos olhos de Deus rejeitável.
Inicialmente, o evangelho era proclamado correctamente nesta igreja, mas a maior parte dos membros apenas reagia intelectualmente à prègação, despresando o arre pendimento perante o Senhor Jesus, para que o Seu Espírito Santo os pudesse regenerar. É por isso que as suas obras (a sua reacção à prègação do evangelho) não eram consideradas perfeitas aos olhos de Deus. Apenas um pequeno número de membros dava testemunho de ter nascido de novo e perseverava nisso. O Senhor Jesus diz a seu respeito: “Vós tendes alguns nomes mesmo em Sardis, que não mancharam as suas vestes; e êles caminharão Comigo vestidos de branco, pois são dignos” (Apocal. 3:4).
A êste pequeno grupo de verdadeiros convertidos é feita uma promessa muito importante: “Aquele que vencer será vestido de vestes brancas, e Eu não retirarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome perante meu Pai e Seus anjos” (Apocal. 3:5). Apenas os vencedores serão vestidos com vestes brancas. Êles são aqueles que perseveram até ao fim no caminho do Senhor: “Portanto, uma vez que nós também estamos rodeados por tamanha núvem de testemunhas, punhamos de lado todo o pêso, e o pecado que tão fàcilmente nos enreda, e corra mos com perseverança a corrida que nos é posta à frente, olhando para Jesus o autor e consumador da nossa fé” (Hebr.12:1-2). Aqueles que são vencidos por cargas e pecado, não serão capazes de terminar a corrida em vitória. Muitos até perdem a fé e caiem numa falsa forma de rèctidão, convencendo as suas consciências de que têm um bom relacionamento com o Senhor.
Muitos cristãos que não são vencedores e fazem retrocesso espiritual, perdem-se no caminho. Alguns dêles, por motivos vários, perdem mesmo a fé e a sua posição de salvos:
· Paulo aconselhou Timóteo a perseverar com “fé e uma boa consciência, que alguns rejeitaram quanto à fé, e sofreram naufrágio” (1Tim. 1:19). As pessoas rejeitam uma fé verda deira ao aceitarem e promoverem ensinamenos não-bíblicos.
· O Espírito Santo fixa expressamente a nossa atenção na grande apostasia que vai acontecer nos últimos dias em resultado da prègação de doutrinas falsas (1Tim.4:1).
· Alguns dos sprimeiros crentes judaicos cederam à tentação de Satanás de voltarem a um estilo de vida pecador. E, como resulta do do seu retrocesso espiritual, criaram “um coração vil de descrença, ao afastarem-se do Deus vivo” (Hebr. 3:12-13.
· O livro do Apocalipse termina com o aviso sério de que os crentes que são levados a pôr em dúvida e a omitir partes da Palavra de Deus ou que são suficientemente presunçosos para lhe acrescentar as suas próprias ideias, perderão a salvação, pois Deus retirará os seus nomes do livro da vida (Apocal. 22:18-19).
No entanto, aos crentes fiéis de Sardis que viveram na vitória da cruz é-lhes prometido que os seus nomes não serão tirados do livro da vida. O Senhor Jesus confessará os seus nomes no Céu, por terem confessado e honrado o Seu nome na Terra.
Leitor: Persevera você na fé de modo a ser contado entre os vencedores? “Porque nós tornamo-nos participantes de Cristo, se mantivermos firme o princípio da nossa confiança até ao fim” (Hebr. 3:14). Paulo também menciona a necessidade de perseverança aos colossenses, se êles quizerem comparecer perante o Senhor sem mácula: “… se de facto vocês continuarem na fé, assentes e firmes e não vos afastardes da esperança do evangelho” (Colos. 1:23). “Vós portanto, amados, uma vez que sabeis estas coisas de antemão, tende cuidado que não caiais também da vosssa própria firmeza, levados pelo êrro dos malignos” (2Pedro 3:17).
O pastor da igreja de Sardis era òbviamente um dos que baixavam o nível da Palavra de Deus, e declaravam salvas pessoas que apenas mostravam uma semelhança de santidade. E fazia isso para lhes agradar e obter o seu favor.
Esta é uma carta muito especial dirigida a uma pequena igreja evangélica que não era muito reconhecida e tinha pouca influência numa sociedade malévola e agnóstica. Êles tinham de confiar no Senhor para todas as suas necessidades, incluindo as financeiras. Êle guiava-os e providenciava oportunidades para campanhas evangelísticas aos que se Lhe mantinham fiéis: “Vede, Eu puz à vossa frente uma porta aberta e ninguém a pode fechar; porque vós tendes um bocadinho de fôrça, mantivestes a minha palavra e não negastes o Meu nome” (Apocal. 3:8).
Os cristãos evangélicos devem seguir as razões fundamentais porque esta igreja goza do favor do Senhor: (1) Não se gaba da habilidade que tem para fazer coisas; (2) Honra a Bíblia como a inspirada Palavra de Deus; (3) Confessa e proclama Jesus Cristo como Senhor, Filho de Deus e Salvador do mundo.
Êstes discípulos fiéis de Cristo são encorajados a guardarem bem o que possuem, para um dia serem recompensados no Céu (Apocal. 3:11). Recebem também a garantia de que não passarão pela tribulação mas escaparão dela (Lucas 21:36). O Senhor Jesus diz que Êle “os livrará da hora da aflição que vai chegar sôbre todo o mundo” (Apocal. 3:10). Os verdadeiros cristãos não estão destinados ao período da tribulação.
Nós estamos a viver num mundo post-moderno, em que as pessoas confiam apenas na riqueza e nas suas próprias ideias. Não acreditam na Bíblia como a infalível Palavra de Deus, olhando-a apenas como um livro de produção humana cheio de contradições, costumes judaicos, simbolismos estranhos e mitologia. Os teólogos contemporâneos também rejeitam cada vez mais o nascimento virgem e a divindade de Jesus, a Sua obra de apaziguamento na Cruz, bem assim como a maior parte dos Seus atributos divinos. Nem sequer hesitam em dizer coisas blasfemas a Seu respeito. E, ao fazê-lo, negam o Jesus bíblico e colocam-se ao lado dos Seus críticos e inimigos. Fazem-no com perigo das próprias vidas.
Nesta carta, o Senhor Jesus explica o motivo porque Se afasta das igrejas que predominantemente confiam em si próprias e suas obras, ao ponto de o evangelho da cruz não gozar de qualquer reconhecimento ou proeminência na maneira como descrevem os seus propósitos: “Assim portanto, porque estás morna…vomitar-te-ei da minha bôca. Porque tu dizes, eu sou rica, estou enriquecida, não tenho falta de nada -- e não reconheces que és desgraçada, miserável, pobre, cega e nua” (Apocal. 3:16-17).
Esta igreja e os seus pastores estão tão ensoberbados pelas suas obras, popularidade e vastas receitas, que nem lhes ocorre estarem espiritualmente falidos. Erradamente concluem que foi o Senhor que os fez ricos e prósperos. Humanamente falando, não têm necessidade de nada, mas de acôrdo com a medida divina estão em grande falta, pois nem sequer compreendem a sua necessidade de um Salvador e Suas bênçãos. Usam o Seu nome, mas isso é onde termina a sua associação prática com Êle. Não são verdadeiros discípulos que tomem a sua cruz de auto-negação e sigam Cristo diàriamente, uma vez que se mergulham em concessões humanamente concebidas, em que toda a gente é considerada salva por eleição divina e pela ministração de rituais da igreja. Além disso, seguem objectivos seculares destinados a obter maiores edifícios, mais investimentos, salários exorbitantes para os oficiais da igreja, bem assim como salões dispendiosos para recreação, desporto, reuniões políticas, leilões e bazares.
Esta igreja nem mesmo compreende que o Senhor Jesus e Seu Espírito os abandonnaram, e que agora está de fora a bater à porta para ser convidado a entrar. Êle continua a preocupar-se com muitas pessoas perdidas lá dentro, cujas vidas estão construidas em fundações falsas. E diz-lhes: «Tantos a quantos amo Eu admoesto e castigo. Portanto, sêde zelosos e arrependei-vos. Olhai, Eu estou à porta e bato… » (Apocal. 3:19-20). Se “alguém” (referindo-se a indivíduos na igreja) ouvir a Sua voz e abrir a porta do seu coração, Cristo entrará e jantará com êle.
Não há no entanto qualquer indicação que a igreja no todo se reforme, abra a porta ao Senhor Jesus dando-Lhe lugar central na sua prègação e outras actividades. Nós estamos a viver nos dias da grande apostasia, que é caracterizada por falsos ensinamentos, mundanismo, pensamento ecuménico e construção de um reino humano na Terra. Isso é uma Tôrre de Babel moderna. E tais pessoas estão a preparar o terreno para a vinda do Anticristo e estabele cimento do seu govêrno global.
Os membros que sentem o pecado através da operação do Espírito Santo, e compreendem que a sua igreja anda enganada, devem resolver imediatamente o assunto perante o Senhor e procurar depois uma congregação de verdadeiros crentes – mesmo que seja apenas um pequeno grupo de dedicados filhos do Senhor. O argumento de certos crentes, que preferem continuar na sua igreja morta como “missionários”, não é bìblicamente aceitável. Devido à lealdade exigida pelas obrigações de uma pessoa como membro, uma pessoa não pode juntar-se a um “campo missionário” comprometido, pois isso condu ziria à aceitação dos dogmas errados e da falsa prègação de igrejas enganadas. Êste tipo de concessão tornaria difícil a evangelização da igreja a partir de dentro.
O comando bíblico relativamente aos que se comprometem, aos pensadores ecuménicos e àqueles que apenas seguem uma aproximação de santidade, é muito claro: “Saí do meio dêles e separai-vos, diz o Senhor…E Eu vos receberei. Eu serei um Pai para vós, e vós sereis meus filhos e filhas” (2Cor. 6:17-18). O Senhor Jesus diz aos fiéis de Laodiceia que estão com Êle fora das estruturas falsas das igrejas: “Àquele que vencer lhe concederei que se sente Comigo no Meu trôno, assim como Eu também venci e Me sentei com Meu Pai no Seu trôno” (Apolcal. 3:21).
Pela graça de Deus nós devemos também prevalecer contra a decepção spiritual e sermos libertados dela. Não chegaremos a lado algum nas nossas vidas espiri tuais, se estivermos cheios de nós mesmos e de ideias teológicas humanamente con cebidas, em vez de estarmos cheios do Espírito Santo e do conhecimento verda deiro da Palavra de Deus. Elevas tu o Senhor Jesus na tua vida leitor, e diminues-te a ti mesmo? (João 3:30). A igreja de Laodiceia cega os seus membros às grandes verdades da Bíblia, pois virtualmente todas as promessas, preceitos e avisos nela contidos são espiritualizados, não os interpretando literalmente. Ainda mais, estes membros da igreja nada sabem sôbre a segunda vinda do Senhor Jesus, que virá como uma armadilha sôbre todos êles (Lucas 21:34-36). Nessa hora tardia no meio de grande ansiedade e centenas de perguntas a que os seus pastores não saberão responder, êles ou se vão tornar vítimas da maior decepção do Anticristo, ou procurarão sèriamente a verdade pela primeira vez. Os verdadeiros cristãos estarão nessa altura no Céu, enquanto que o Anticristo e o falso profeta serão revelados na Terra e, durante um curto espaço de tempo atrairão a si o mundo inteiro por meio de extrema de decepção.
Pedro diz: “O tempo é chegado para o julgamento começar na casa de Deus; e se êle começa primeiro conosco, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus? Agora, se o justo dificilmente se salva, onde comparecerão o sem-Deus e o pecador?” (1Pedro 4:17-18). O julgamento dos crentes terá lugar no julgamento do assento de Cristo, directamente depois do arrebatamento. Embora “não haja condenação para aqueles que estão em Cristo” (Rom. 8:1; João 5:24), as nossas obras serão no entanto avaliadas (1 Cor. 3:9-16; 2 Cor. 5:10). Alguns de nós não estamos a servir o Senhor como devíamos, e compareceremos perante Êle de mãos vasias, salvos como que pelo fôgo (1Cor. 3:15). Definitivamente não seremos recompensados, se estivermos a construir com material perecível sôbre a fundação sólida, - Jesus Cristo. Leitor: Está você a usar os seus talentos ao serviço do Senhor, ou escondeu-os algures? Nós devemos fazer obras próprias do arrependimento. Se falharmos nisso, o mais certo é possuirmos apenas uma semelhança de santidade sem fé verdadeira, pois a fé sem obras está morta. Como poderá tal tipo de fé salvá-lo? (Tiago 2:14-26).
Os bancos das igrejas estão cheios dêstes cristãos auto-proclamados mas não-salvos. As cartas de Cristo às igrejas contêm avisos solenes, que a maior parte delas está a caminho da condenação no julgamento do grande trono branco. Os não-salvos não são levados no arrebatamento para comparecer ao assento do julgamento, a que apenas os verdadeiros crentes são chamados. O Senhor Jesus denuncia os cristãos nominais e as igrejas enganadas nos mais fortes têrmos: “Eu tenho isto contra ti, que tu abandonaste o teu primeiro amor…Eu retirarei o teu candelabro do seu lugar, a não ser que te arrependas…Tu tens os que seguem a doutrina de Balaão (compromisso com religiões não-cristãs)…Arrepende-te, ou então Eu virei até ti ràpidamente e lutarei contra êles com a espada da minha bôca…Eu deitá-la-ei (a falsa profeta) numa cama doente, e os que cometem adultério (espiritual) com ela levarei a grande tribulação, se não se arrependerem…Tu tens um nome que estás viva, mas estás morta…E porque estás morna Eu te vomitarei da minha bôca” (Apocal. 2:4,14-16,22; 3:1,16).
Leitor: Estás seguro da tua salvação? Em breve temos de dar conta das nossas vidas perante o trono do Senhor. Nós devemos labutar enquanto é dia -- a noite dos julgamentos de Deus vai chegar, em que ninguém pode labutar. A dispensação da graça está a chegar ao fim, bem assim como as oportunidades para formarmos um relacionamento correcto com o Senhor e para fazermos algo a bem da extensão do Seu reino antes d’Êle vir. Aquelas pessoas que se encontram na estrada errada devem examinar urgentemente a sua situação à luz da Palavra de Deus e assim determinar a sua posição n’Êle. “Examinai-vos a vós mesmos e vede se permaneceis na fé. Provai-vos a vós mesmos” (2 Cor. 13:5). Como é que devemos provar-nos?
· Considerai a natureza dos vossos tempos de oração. As pessoas não salvas, bem assim como os cristãos carnais não têm amor pelo estudo bíblico e oração. Leitor, você ora com frequência e tem confiança para orar à frente de outras pessoas?
· Está você cheio do Espírito Santo, e caminha no Espírito, ou há aínda a reinar supremos na sua vida atitudes e desejos carnais? (Galatas 5:16-17). Resolva o problema com o Senhor, crucifique e negue a carne e confie que o Senhor o encha com o Seu Espírito – pela primeira vez ou como rededicação.
· Verifica você a prègação na sua igreja, se ela está em conformidade com as Escrituras e faz você reparo quando se proclama algo errado? Você terá de conhecer a Bíblia bastante bem antes de poder cumprir êste importante dever. Se tiver dúvidas sôbre qualquer coisa, estude e pesquize o assunto para conhecer a verdade.
· Há fruto espiritual na sua vida? Prega você o evangelho a outras pessoas e há entre elas alguém que possa dar testemunho de bênçãos recebidas em resultado da sua prègação?
· Está você a dar cumprimento ao seu chamamento de ser a luz de um mundo em escuridão e o sal de uma Terra corrupta? Nós temos a obrigação de fazer brilhar a luz do evangelho onde quer que a escuridão do pecado, as religiões falsas e a ignorância aínda prevaleçam. Devemos também pronunciar-nos contra a decepção espiritual, a corrupção e a maldade (Efés. 5:11). Antes de o fazer, devemos no entanto assegurar-nos de que estamos firmemente ancorados na verdade, e a seguir dià riamente os passos do nosso Salvador.
O Espírito Santo deseja guiar-nos para toda verdade e lembrar-nos de tudo quanto o Senhor Jesus nos ensina na Sua Palavra (João 14:26; 15:26; 16:13-14). Nós devemos ser estudantes dedicados das verdades eternas, aplicá-las meticulosamente nas nossas vidas, e agir sempre de harmonia com elas. Apenas dessa maneira teremos a confiança de comparecer perante o assento do julgamento de Cristo, depois de terminar a dispensação da igreja. Já não há muito tempo para darmos a nossa atenção a assuntos espirituais de tamanha importância.