Prof. Johan Malan, Middelburg, África do Sul (Abril 2009)
O relacionamento entre o Senhor Jesus e a Sua congregação de noivado, está vivamente patente nos costumes matrimoniais judaicos dos tempos bíblicos. Neste artigo focam-se principalmente as responsabilidades da noiva durante a longa ausência do noivo. A sua vida santa e dedicação diária ao noivo, eram de importância crucial para o dia em que êle viria para a receber, e portanto também para a consumação final do seu casamento.
Depois de um jóvem ter encontrado uma rapariga de quem gostava, e depois de ela ter concordado com um relacionamento com êle que conduziria ao casamento, iniciavam-se então os preparativos para a cerimónia de noivado.
O jóvem tinha em primeiro lugar de obter o consentimento do pai para casar. Pouco depois êle e o pai visitavam a casa da futura noiva. O dono da casa, sabendo da projectada visita, espreitava por uma janelinha para identificar os visitantes, dirigindo-se depois à filha para confirmar se ela estava decidida. E se a filha não desejasse continuar as negociações de casamento respondia simplesmente “não”. A porta da casa não lhes era aberta e os visitantes voltavam aos seus lares – a missão não resultara.
Se ela respondesse “sim”, o compromisso de continuar o processo do noivado e de concluir um contrato completo de casamento, ficava nêsse momento para todos os efeitos firmado. O jóvem e o pai tinham levado consigo num saco uma taça de noivado, vinho não-fermentado e também o preço ajustado da noiva. Em ocasiões várias durante as negociações bebiam vinho da taça, para confirmarem e cerimonialmente celebrarem certos aspectos do contrato.
Na primeira dessas ocasiões celebrava-se a taça de aceitação. Os membros de ambas as famílias, incluindo as crianças que tinham aingido a idade da responsabilidade, firmavam um acôrdo de sangue (também chamado acôrdo de servo), por meio do qual se comprometiam a uma vida inteira de serviço um pelo outro. Esta taça era passada a toda a volta a todos os presentes, pouco depois da chegada dos visitantes e de se fechar a porta.
Na segunda ocasião, celebrava-se a taça de noivado e amizade. Desta taça bebiam apenas os futuros noivo e noiva e os seus dois pais. Com êste acto, as duas famílias comprometiam-se a manter uma amizade eterna com os seus filho e filha comuns e entre si mesmas. Era servida a refeição da festa, que era acompanhada de discussão sôbre os pormenores do contrato de casamento. Se não se chegasse a um entendimento nesta discussão, as negociações podiam falhar, conduzindo à não-conclusão do contrato. Mas se todas as condições fôssem mùtuamente aceites, concluia-se o contrato nessa reunião e bebia-se desta segunda taça.
A terceira taça era a taça da herança. No final da refeição apenas a noiva e o noivo bebiam desta taça, indicando a total aceitação do contrato de casamento e selando assim o seu relacionamento futuro como marido e esposa. Êste era o momento em que a jóvem se tornava oficialmente noiva. Os jóvens da família iam então pelas ruas tocando trombetas (shofars), a anunciar a toda a comunidade que o contrato de casamento (noivado) tinha sido assinado. Dêste momento em diante o casal pertencia um ao outro e partilhava também de uma herança. Se um dêles morresse, o sobrevivente herdava os bens do morto, mesmo que o casamento aínda não tivesse sido consumado. O casamento era inquebrantável e só podia ser quebrado em condições extremas, como o adultério. José e Maria estavam unidos em noivado desta maneira, quando José planeou divorciar-se devido a uma suposta infidelidade: “Quando…Maria foi prometida em casamento a José, antes dêles se juntarem ela foi encontrada grávida (através do poder do Espírito Santo). E o prometido marido, José, sendo um homem justo e recto e não desejando expôr pùblicamente Maria, envergonhando-a e desgraçando-a, decidiu…divorciá-la calma e secretamente.” (Mat. 1:18-19; Bíblia Ampliada).
Depois do contrato de casamento ter sido aceite e do casal ter bebido da terceira taça, o noivo dava prendas à noiva e prometia-lhe que havia de a vir buscar para estar consigo depois de lhe ter preparado um lugar na casa de seu pai. Entretanto a noiva ocupava-se nos preparativos para a sua vida de casada. No seu quarto tinha uma lâmpada a óleo que seria mantida acesa durante as noites. Devia ter cuidado que nunca faltasse óleo na lâmpada, de maneira a que não se apagasse quando o noivo a viesse buscar. Quando saísse à rua durante o dia, usava sempre um véu, que indicava que tinha sido comprada por certo preço e que já pertencia a um homem.
Durante êste tempo o noivo ocupava-se em preparar um lugar adequado na casa de seu pai, lugar êsse que muitas vezes era um só quarto e era conhecido como o quarto de noivado (em hebraico huppah).Antes de ser permitido ao noivo ir buscar a noiva, o pai do jóvem tinha de mostrar estar satisfeito com o quarto. Se alguém perguntasse ao noivo quando é que ia buscar a noiva, êle respondia sempre que só o seu pai sabia.
O noivo vinha busar a noiva ao entardecer ou à noite – usualmente entre as seis e a meia noite. Quando com os amigos se aproximava da casa da noiva, êles davam um grito alto e tocavam o shofar, para dizerem à noiva e damas de honor que saíssem imediatamente ao encontro do noivo fora na estrada. Aquelas que não tinham óleo suficiente naquele momento crítico, chegavam atrazadas ao enconto e ficavam para tràs.
Acontecia por vezes, que a noiva perdia o interêsse pela consumação do casamento, possì velmente devido a infidelidade para com o noivo, e resolvia parar com os preparativos para se encontrar com êle. Nesse caso, não teria uma lâmpada acesa. Quando ao chegar, o noivo notava que o quarto dela estava às escuras, voltava para a sua casa deixando-a a ela na escuridão. E então o preço da transacção tinha de ser devolvido ao jóvem. Se se verificasse que a noiva tinha cometido adultério durante a ausência do noivo, ela era culpada com a pena de morte.
No entanto, se tudo corresse bem de acôrdo com o plano estabelecido, a noiva teria uma lâmpada acesa no quarto quando o noivo chegasse ao anoitecer. Encontrava-se com êle depois fora de casa e partiam imediatamente para a casa do pai dele. E então ela ficava ali a sós com êle no quarto nupcial durante sete dias, em que se uniam como marido e mulher. As pessoas convidadas para a festa de casamento iam chegando durante estes sete dias. E no fim dos sete dias o jóvem apresentava a esposa já sem véu aos convidados, e a festa começava.
Durante a festa, apenas o par casado participava da taça de vinho não-fermentado, chamada a taça de agradecimento. E isso constituia o grande momento de alegria e acção de graças pela consumação da sua união depois de prolongado isolamento, esperando e preparando tudo. E a resplandecente festa tornava-se então realidade por ambos se terem mantido fiéis um ao outro.
Muitas vezes o Senhor Jesus fez a Sua oferta de salvação à humanidade perdida por meio dos costumes judaicos tradicionais de casamento. Êle é o Noivo celestial que veio da casa de Seu Pai no Céu, para procurar e salvar os que estavam perdidos (Lucas 19:10). O Seu propósito é não só salvar pecadores perdidos para os usar ao Seu serviço, mas também santificá-los por completo e fazer dêles membros da Sua congregação nupcial, de forma a que possam partilhar com Êle do Seu reino celestial. Todos os cristãos recebem êste precioso chamamento de Deus em Cristo Jesus, mas nem todos obedecem às condições necessárias para de facto o conseguir. Isto é algo a que nos deviamos dedicar e a que deviamos aplicar os nossos esforços (Filip. 3:14).
Tal como o futuro noivo judeu que bateu à porta da jóvem com quem queria casar, num sentido espiritual o Senhor Jesus também bate à porta dos nossos corações, confrontando-nos com a escolha de Lhe abrir a porta ou não. Êle diz: “Vede, Eu estou à tua porta e bato. Se algum ouvir a minha voz e abrir a porta, Eu entrarei até êle e jantarei com êle e êle Comigo” (Apocal. 3:20). Todos nós gozamos de livre arbítrio. As pessoas podem decidir por si póprias se vão convidar o Senhor Jesus a entrar nas suas vidas ou não. João diz: “Mas a tantos quantos O receberam lhes deu Êle o direito de se tornarem filhos de Deus, mesmo àqueles que acreditam no Seu nome” (João 1:12).
A mensagem do evangelho é que o Senhor pagou em Si na cruz, o castigo total pelos nossos pecados – isto é o preço divino de noivado com que redime todo o pecador que vem a Êle para a salvação e deseja pertencer-Lhe (1 Cor. 6:20; 1 Pedro 1:18-19; Apocal. 5:9). Quando tomamos a taça da comunhão como taça da aceitação, nós celebramos o facto que fomos comprados por um preço, e que agora pertencemos ao Senhor Jesus para O servir todos os dias das nossas vidas. Êle é o nosso Salvador e nós somos os Seus discípulos ou servos.
Infelizmente, muitos cristãos agarram-se apenas a esta submissão inicial, e não procuram um relacionamento mais profundo e mais íntimo com Cristo, de forma a receber todas as Suas promessas. Não reconhecem o facto que Êle não deseja ser apenas a nossa Salvação, mas também a nossa Santificação e o nosso Noivo.
Antes da confirmação final do contrato no casamento judaico, as duas partes reuniam-se para jantar e discutir ao mesmo tempo as condições do acôrdo e do novo relacionamento entre ambas. Depois de terem concordado em tudo, bebiam da taça de noivado e amizade.
A Palavra de Deus é para nós alimento espiritual – o pão da vida – e nós estamos sentados a uma mesa que foi preparada para nós. Quando nos mergulhamos em profundo estudo bíblico, começamos a conhecer melhor o Senhor Jesus e deliciamo-nos na Sua Palavra. Então compreendemos por completo o que Êle fez por nós, as condições que o nosso relacionamento com Êle contém, e essas condições são alegremente obedecidas. Nestas circunstâncias, o discípulo de Cristo apoxima-se d’Êle e torna-se também o Seu amigo e parte da noiva, que compreende e obedece à Sua Palavra. E isso coloca-o num relacionamento de nível mais elevado que o que existe normalmente entre um servo e o patrão. Cristo disse: “Já não vos chamo mais servos, pois o servo não sabe o que o patrão está a fazer; mas Eu chamei-vos amigos, porque vos comuniquei todas as coisas que ouvi de Meu Pai” (João 15:15). Êle revela-nos coisas maravilhosas sôbre os aspectos mais profundos da nossa amizade e relacionamento nupcial Consigo. Leitor, você renova a sua amizade e íntimo relacionamento com o Senhor Jesus Cristo durante a Santa Comunhão?
Nós não devemos contentar-nos apenas com o primeiro passo dêste compromisso, visto que o Senhor Jesus tem um plano mais elevado para os Seus discípulos como membros da Sua congregação nupcial. Êste chamamento exige que vivamos em absoluta separação do mundo, preparando-nos diàriamente para o aparecimento do Noivo celesial e nosso encontro conjunto com Êle. Um aspecto importante dêstes preparativos é possuirmos uma lâmpada acesa com óleo suficiente. Êste simbolismo refere-se à vida Cheia do Espírito. A torcida da lâmpada deve ser limpa com regularidade, de forma a garantirmos que a luz brilhe intensa. Devemos agir activamente para nos limparmos de toda a sugidade da carne e do nosso espírito humano e para nos enchermos do Espírito Santo, de forma a podermos aperfeiçoar a santidade no temor do Senhor (2 Cor. 7:1; Efésios 5:18; 1 João 1:7). Se nos rendermos ao Noivo e nos dedicarmos verdadeiramente a Êle, seremos capazes de fazer obras semelhantes a um ornamento de noivado sob a orientação do Espírito Santo. Tais obras são descritas como “as justas acções dos santos” (Apocal. 19:8).
Quando êste nível de dedicação é atingido, toma-se a taça da herança. E êsses crentes têm profunda consciência do facto que são apenas peregrinos passageiros no presente mundo vil, ansiando pelo reino de Cristo onde governarão com Êle como reis. O apóstolo Paulo disse que nós somos “herdeiros de Deus e herdeiros conjuntos com Cristo, se de facto sofrermos com Êle para podermos também ser glorificados juntos” (Rom. 8:17; ver 2 Tim.2:12). Ao estabelecer a Santa Comunhão, Jesus disse “Esta taça é o novo acôrdo no Meu sangue” (1 Cor. 11:25). As vantagens de um acôrdo (ou testamento) só são válidas depois da morte do testador: “Pois onde quer que haja um testamento tem de necessidade haver a morte do testador… portanto, nem mesmo o primeiro acôrdo foi selado sem sangue” (Hebr. 9:16-18). Quando Jesus derramou o Seu sangue e deu a vida na cruz, Êle fez-nos herdeiros conjuntos do Seu eterno reino celestial, em que seremos a Sua “esposa” e em que governaremos com Êle como reis.
Leitor, será que você já chegou ao ponto em que o Senhor Jesus e as preciosas promessas da Sua Palavra são tudo para sí, e os seus valores mudaram de tal maneira que preferia guardar tesouros no Céu e não na Terra? Se assim é, então a sua luz brilhará forte num mundo nêgro e evitará fazer quaisquer concessões a êste mundo vil.Você não procurará riquezas terrenas (o evangelho da prosperidade) nem um reino dos homens na Terra antes da vinda de Cristo. A nossa esperança fervente está num reino que apens será revelado quando o Rei vier!
O noivo judeu certificou-se de que a sua noiva sabia exactamente a razão porque tinha partido e que voltaria para a levar para a sua nova residência. Nós recebemos uma promessa semelhante. Jesus disse “Na casa de Meu Pai há muitas mansões; se assim não fôsse Eu vo-lo teria dito. Eu vou preparar-vos um lugar. E se Eu vou preparar-vos um lugar, Eu virei de novo receber-vos para Mim; para que onde Eu estou vós possais também estar” (João 14:2-3).
Nós devemos lembrar-nos do facto que o nosso futuro está com Jesus Cristo e que, como membros da Sua congregação nupcial, estamos a viver na realidade invisível do Seu reino celestial, que continua a ser mistério na Terra porque o Rei aínda não chegou. Nós não nos acomodamos ao estilo de vida do mundo presente, e rejeitamos as suas vis práticas (Efésios 5:11) e por tal motivo o mundo odeia-nos (João 15:18-20). Nós esperamos por um futuro maravilhoso em que estaremos unidos ao Noivo celestial: “Porque a nossa cidadania é no Céu, donde esperamos ansiosamente pelo Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso pobre corpo para que seja conforme o Seu glorioso corpo” (Fil. 3:20-21).
É vitalmente importante conhecermos todas as implicações do facto de sermos filhos do nosso Pai Celestial e de têrmos sido dotados pelo Seu Espírito para podermos manter-nos fiéis à Sua pessoa em todas as circunstâncias enquanto esperamos pela súbita chegada do Noivo. Nós devemos não só servir e honrar o Senhor Jesus como nosso Salvador e Santificação, mas também como nosso Noivo e Rei, com Quem vamos reinar se formos considerados dignos disso. Leitor: Conhece você o Messias em todas estas capacidades ou continua a ser apenas Seu servo? Nós devemos ter consciência real do nosso nobre chamamento n’Êle e agir activamente em conformidade.
Os crentes que não possuem uma compreensão clara da sua posição em Cristo, sofrem de uma perspectiva espiritual pobre, de uma fraca dedicação ao seu Salvador e de uma vaga e duvidosa esperança na Sua segunda vinda e, consequentemente, possuem uma fraca motivação para se Lhe manterem fiéis até ao fim. Muitas vezes não caminham no Espírito, e são fàcilmente levados à apostasia pela carne e pelos desejos do mundo. E isso pode conduzir a grave deslealdade para com o Noivo celestial. Paulo dise: “Porque estou zeloso de vós com zêlo divino, visto que vos prometi a um marido para vos poder apresentar a Cristo como uma virgem casta. Mas receio que de qualquer modo, da mesma maneira que a serpente enganou Eva com a sua astúcia, as vossas mentes possam ser também afastadas da simplicidade que há em Cristo” ( 2 Cor. 11:2-3).
Emmbora o contrato de casamento que firmámos com Cristo deva ser obedecido e permanente e tenha também sido selado pelo Espírito de Deus, no entanto êle impõe responsabilidades a ambas as partes e pode portanto ser anulado pelo não-cumprimento ou violação das suas condições. O Noivo nunca pode tornar-se infiel, e honrará sempre as Suas promessas (2 Tim. 2:13), mas nós podemos tornar-nos infiéis e até perder o que tinhamos obtido pela fé n’Êle (Veja-se John 15:4-6; Col. 1:23; Hebr. 3:12-14). Neste caso, o noivo judeu rejeita a sua antiga noiva se na altura do seu regresso, se torna evidente que ela lhe foi infiel e já não tem a sua lâmpada acesa.
Os cristãos podem também abandonar o seu primeiro amor e entrar em escuridão espiritual. O Senhor Jesus diz: “No entanto, Eu tenho isto contra ti, que abandonaste o teu primeiro amor. Portanto lembra-te de onde caíste; arrepende-te e faz as primeiras obras, senão chegarei a tí de repente e tirarei o teu castiçal do seu lugar – a não ser que te arrependas” (Apocal. 2:4-5). O castiçal era o vaso em que se guardava o óleo simbólico do Espírio Santo. Tornava possível a uma pessoa fazer brilhar a luz do Messias num mundo de escuridão. No entanto, se essa pessoa perdesse o amor pelo Messias ao ser vencida pelo amor pelas coisas do mundo, ela corria o risco de perder o castiçal com a sua luz, significativa do Espírito Santo. Tais crentes não serão levados no arrebatamento para caminhar no palácio de marfim no Céu e se unirem ao Cordeiro como Sua noiva (Veja-se Salmo 45:9-10, 15-17). Com as suas acções, êsses crentes negam o Messias perante outras pessoas, e por êsse motivo Êle vai também negá-los no Céu perante Seu Pai (Mat. 10:32-33).
Os membros da congregação nupcial considerados dignos por terem óleo suficiente nas suas lâmpadas e que devido à sua vigilância não caíram em escuridão espiritual, serão arrebatados num instante, num abrir e fechar de olhos, quando o Noivo vier (Mat. 25:6-10; 1 Cor. 15:51-52; 1 Tessal. 4:16-17). Daí em diante, por um período de sete dias, profèticamente significando uma semana de sete anos (Lev. 25:8), a noiva estará na presença do Noivo celestial e consequentemente não mais será vista por pessoa alguma na Terra. Êsses serão os sete anos de tribulação durante o reinado do Anticristo.
E depois dêsses sete anos o Noivo celestial virá de novo, acompanhado da “esposa” com quem já Se unira, e estabelecerá o Seu reino na Terra. Depois de ter destruido o Anticristo e seus poderes (Apocal. 19:19-21), de ter salvo um resíduo de Israel e das nações (Zac. 12:10; Mat. 24:29-30) e de ter restaurado o caído tabernáculo de David, (Actos 15:16-17) será celebrada na Terra a festa de casamento do Cordeiro. Os membros de Israel e das nações salvos durante a vinda de Cristo, serão os convidados para esta ilustre ocasião: “Alegremo-nos e rejubilemos e dêmos-Lhe glória, pois o casamento do Cordeiro chegou e a Sua esposa já se aprontou. E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente, pois o linho fino representa as acções justas dos santos” (Apocal. 19:7-8).
É nesta altura que a noiva e o Noivo bebem a taça de agradecimento. O grande momento da glorificação da noiva acontece pouco depois dela ter sido revelada na Terra com Cristo: “Quando Cristo, que é a nossa vida aparecer, então vós também aparecereis com Êle em glória” (Col. 3:4). O Senhor Jesus referia-se à Comunhão que celebraria de novo com os Seus discípulos depois de ter estado na Terra pela primeira vez para providenciar para a nossa salvação e conclusão de um contrato de casamento Consigo: “Certamente vos digo, não mais beberei do fruto da videira até ao dia em que o beberei novo no reino de Deus” (Marcos 14.25).
O reino de Cristo só será estabelecido na Terra depois da Sua segunda vinda. É por essa razão que a festa de casamento do Cordeiro será celebrada aqui e a taça de agradecimento será bebida também aqui, depois de finalmente têrmos herdado o reino. Esta Comunhão e cerimónia de agradecimento não podem acontecer directamente a seguir ao arrebatamento, uma vez que o arrebatamento será seguido do período de sete anos de ajuntamento da noiva com o Noivo.
Existe profundo simbolismo escondido na Comunhão a vir. Durante a Comunhão consome-se vinho não-fermentado, que se refere ao sangue de Cristo derramado para remissão dos nossos pecados. O Senhor Jesus é a verdadeira videira e nós somos os ramos. Nós bebemos da videira o sumo, ou energia viva, no sentido que o Espírito Santo derrama o amor de Cristo nos nossos corações (Rom. 5:5). E então espera-se de nós que produzamos fruto, que é também descrito como o fruto do Espírito. Apenas depois da vindima de toda a fruta para o reino do Noivo se pode celebrar uma Comunhão que representará o fruto espiritual da verdadeira videira. A estricta avaliação dêste fruto terá lugar na altura do trono do julgmento de Cristo (1 Cor. 3:9-16; 2 Cor. 5:10). Apenas as acções justas dos santos vão sobreviver o julgamento, como ouro, prata e pedras preciosas, e estas serão aceites e premiadas. As obras carnais dos cristãos que não se apoderaram da herança completa em Cristo e que não amadureceram espiritualmente depois de terem bebido da primeira taça, serão rejeitadas como vãos esforços humanos (1Cor. 3:15).
A questão importante para todos os cristãos é a seguinte: “Procedemos nós só até à primeira purga dos nossos pecados, não tomando posse depois da herança completa no Messias?” Quando assim acontece, estamos a andar para tràs na nossa vida espiritual e não para a frente. O apóstolo Pedro diz que os cristãos devem juntar à sua fé santidade, bondade fraternal e amor. “Porque se estas coisas estiverem em vós e abundarem, nem sereis estéreis nem infrutíferos no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Porque todo aquele que tem falta destas coisas é míope e até cego, e esquece que foi purgado dos seus velhos pecados” (2 Pedro 1:6-9).
Leitor: Inclui-se você entre êstes cristãos cegos e míopes que aínda não se renderam para santificação e não se comprometeram a servir o Senhor Jesus? Se assim é, um dia vai aparecer perante o Senhor de mãos vasias, pois as suas obras carnais serão consumidas como madeira, erva sêca e palha. Aos fiéis o Messias vai dizer: “Fizeste bem, servo bom e fiel; foste fiel sôbre algumas coisas, far-te-ei senhor sôbre muitas coisas. Entra no gôzo do teu Senhor” (Mat. 25:23).